Atlas da Violência 2023 aponta para crescimento de assassinato de mulheres no Brasil e destrincha índices registrados na pandemia, que intensificaram por falta de medidas do governo Bolsonaro. Mulheres negras têm 1,8 mais riscos de sofrerem homicídio, enquanto há queda entre as não negras
Entre os anos de 2011 e 2021, 49 mil mulheres foram assassinadas no Brasil – sendo que, só em 2021, o Ministério da Saúde registrou 3.858 homicídios. É o que aponta o Atlas da Violência 2023, divulgado nesta terça-feira (5) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O levantamento reforça que 67,4% das vítimas são mulheres negras (pretas e pardas), e demonstra que elas têm 1,8 mais riscos de sofrerem homicídio, se comparado com as mulheres não negras (no relatório, inclui brancas, amarelas e indígenas).
O novo Atlas também busca jogar luz sobre o aumento do índice de assassinato de mulheres em meio a pandemia de covid-19: entre 2020 e 2021, período mais crítico, foram 7.691 assassinadas. O período pandêmico intensificou os índices por reduzir acesso a serviços de apoio, aumentar tempo de convivência da vítima com agressor e diminuir autonomia financeira.
Outras duas hipóteses envolvem a gestão do governo Bolsonaro: a redução em 94% da proposta orçamentária de combate à violência de gênero, calculada pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), e o incentivo do ex-presidente ao radicalismo político, “com o recrudescimento do conservadorismo, que reforça os valores do patriarcado”, podem ter contribuído para essa elevação.