O carnaval é marcado por muita brincadeira, mas também tem espaço para falar de coisas mais sérias – sem perder o bom humor. Desfilando pela primeira vez nas ladeiras de Olinda, o bloco Vaca Profana propôs uma reflexão sobre os assédios e o machismo. A ideia surgiu de uma fantasia usada pela produtora de cinema e uma das organizadoras da agremiação, Dandara Pagu.
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Com seios de fora e uma máscara de vaca, Dandara levou o estandarte da agremiação. “Me fantasiei de Vaca Profana, em homenagem à música cantada por Gal Costa, no carnaval do ano passado e a partir disso percebi que os dias de folia também eram uma oportunidade de refletir”, contou.
Outras mulheres aderiram à ideia e fizeram o percurso com os seios à mostra em forma de protesto. “Durante o carnaval, as mulheres são ainda mais assediadas, então com o os seios de fora queremos mostrar que nós somos donas do nosso corpo, somos livres”, explicou Dandara Pagu.
Segurando uma placa com a frase “vaza macho uó”, a socióloga Cris Cavalcanti protestou contra os machistas. “Não aceito que os homens forcem beijo, abraço, sexo. O corpo é meu, tenho autonomia sobre ele. Esse bloco é o único que me deixa realmente tranquila, sem me preocupar com o assédio dos homens”, confessou Cris.
A recepcionista Fernanda Colares também acompanhava o bloco e desabafou sobre o assédio. “Você não vê as mulheres assediando quando os homens estão sem camisa, então por que temos que ser assediadas? Esse desrespeito é muito ruim”, afirmou.
E não foram apenas mulheres que seguiram o bloco. O cineasta Renato Souto Maior descobriu o “Vaca Profrana” através de amigas e fez questão de acompanhar. “Sou um homem feminista e vim para apoiar a causa das mulheres. Eu respeito muito as reivindicações delas e sei como sofrem com o assédio e machismo”, afirmou.