Em Teresina para receber o título de cidadã piauiense, a advogada Maria da Penha concedeu entrevista coletiva à imprensa nesta quarta-feira (28) e criticou a falta de repasses do governo federal para políticas públicas em defesa das mulheres vítimas de violência.
(Cidade Verde, 28/08/2019 – acesse no site de origem)
“A mulher está passando despercebida na política nacional. É preciso que a gente esteja mais unida neste momento. Até o momento não houve repasses de verbas para as políticas para as mulheres. A Casa da Mulher Brasileira ainda não recebeu nenhum repasse. É uma política muito importante. Temos apenas cinco casas no país, algumas precisando de melhorias”, apontou Maria da Penha Fernandes, fundadora do instituto que leva seu nome e que inspirou a lei de defesa a mulheres vítimas de violência.
Segundo Maria da Penha, ainda faltam políticas públicas nas cidades pequenas. Ela avalia que a política nacional foi implementada apenas nas capitais e grandes cidades.
“Há uma dificuldade principalmente nos municípios menores, onde não há centros de referência. Acredito que o posto de saúde ou o hospital daquele município seja estruturado para que o centro de referência funcione junto com o atendimento de saúde”, apontou como alternativa à falta de centros, delegacias, juizados e casas de apoio.
Sobre o despreparo de alguns agentes públicos, como as forças policiais, a militante acredita que esse serviço deve ser monitorado.
“As pessoas que trabalham nesses centros têm que ter um treinamento capacitado. Em um momento em que o movimento de mulheres for às comunidades, deve orientar as vítimas a denunciarem maus-tratos no momento da denúncia”.
Maria tinha 38 anos quando levou um tiro do próprio marido que depois tentou eletrocuta-la. Ela só conseguiu justiça anos depois. Por conta da violência do marido, Penha ficou paraplégica e é cadeirante há 36 anos. “Eu não era militante. Passei a ser militante depois que fui vítima”, conta.
Por Flash Valmir Macêdo