Isabela Sobral, supervisora do Núcleo de Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, comenta dados divulgados
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou na segunda-feira (13) uma pesquisa com dados sobre a violência contra as mulheres nos primeiros seis meses de 2023. De acordo com o levantamento, feito com base nos registros de Boletins de Ocorrência feitos pelas Polícias Civis dos estados e do Distrito Federal, houve crescimento dos casos de feminicídio e de estupro.
No primeiro semestre do ano, 1.902 mulheres foram assassinadas no Brasil, o que representa um aumento de 2,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram registrados 1.853 assassinatos.
Para analisar o assunto, o Central do Brasil desta terça-feira (14) conversou com Isabela Sobral, supervisora do do Núcleo de Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
“A gente vem notando um aumento nos feminicídios já desde a criação desse crime enquanto lei no Brasil, em 2015. A gente observa uma possível melhoria na classificação desses casos por parte das polícias, uma melhor identificação nos casos relacionados ao gênero da vítima. Mas, também, a gente observa crescimento de outros crimes relacionados à violência contra a mulher que são evidências, de fato, de que a violência contra a mulher parece estar aumentando no país”, analisa Isabela.
A pesquisadora afirma que essa alta nos números é muito grave e observa que o Estado contribuiu para isso, citando o período em que Jair Bolsonaro (PL) era o presidente da República.
“Nos últimos anos, até 2022, nós tivemos uma redução bastante expressiva nos investimentos federais no combate à violência contra a mulher. E recursos são muito importantes. Para que a gente possa produzir políticas públicas pra combater a violência contra as mulheres, é necessário que haja investimento de recursos. É necessário que o governo invista na rede de atendimento que vai acolher essa mulher para que a gente possa evitar todas as formas de violência e, principalmente, a violência mais grave que é o feminicídio.”