Agenda do cuidar precisa ser pautada como política pública; dados do Mapa da Desigualdade ilustram urgência
O que é “cuidado” para você? Mulheres negras, sejam cis, trans ou travestis, talvez tenham uma resposta mais complexa.
Existe o tempo de ser cuidada. Para elas, com uma rapidez maior do que para outras pessoas, esse período é atropelado pelo tempo de cuidar do outro, da casa ou de uma comunidade inteira.
Durante a pandemia, a frase “quem cuida de quem cuida?” ecoou nas redes sociais. Hoje, segue sem resposta.
A sobrecarga feminina não começou com a crise sanitária, mas certamente foi acentuada por ela, principalmente para mulheres negras.
Elas são o grupo com mais sobrecargas históricas, tentativas de apagamento e falta de acesso a políticas públicas.
Lidam ao mesmo tempo com o racismo, o machismo e a LGBTQIAP+fobia, enquanto se equilibram em salários muito baixos —menores do que o de homens e mulheres de diferentes raças— e sustentam a maioria dos lares e famílias.
Os dados do novo Mapa da Desigualdade 2023 ilustram a realidade de grandes metrópoles onde há predominância da população feminina e negra, como o Rio de Janeiro.
A publicação lançada nesta semana pela organização Casa Fluminense mostra que mulheres negras recebem os salários mais baixos da metrópole do Rio, enquanto também são as principais moradoras de domicílios irregulares, as maiores vítimas de violência sexual do transporte público e representam a maior parcela em quadros de pobreza ou extrema pobreza.