(Estadão.com/Folha.com/Portal G1/CNJ) Balanço do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) aponta que, em quatro anos, 9.715 pessoas foram presas em flagrante com base na Lei Maria da Penha, que pune a violência doméstica contra a mulher. O balanço considera processos distribuídos nas varas e juizados especializados no tema desde a entrada em vigor da lei, agosto de 2006, até julho de 2010.
No período, foram decretadas 1.577 prisões preventivas e gerados 331.796 processos envolvendo a lei, mas apenas um terço – 111 mil – resultou em decisão. Foram tomadas pela Justiça mais de 70 mil medidas de proteção à mulher.
Em quatro anos, 9.715 são presos pela Lei Maria da Penha (Folha.com)
Em 4 anos de Lei Maria da Penha, Justiça já contabiliza 111 mil processos (Estadão.com)
Lei Maria da Penha gerou mais de 330 mil ações na Justiça (Portal G1 – 22/03/2011)
Estes dados, segundo o CNJ, são parciais, uma vez que o Conselho ainda não possui informações detalhadas de todas as varas e juizados especializados no país – são 52 unidades em todos os Estados, exceto Sergipe, Paraíba e Rondônia. Nos locais em que não existem unidades especializadas, as varas criminais acumulam competência para processar e julgar os procedimentos da Lei Maria da Penha.
Os números podem ser maiores, já que os tribunais de muitos Estados catalogam processos e decisões de forma diferente. Para corrigir as distorções, o CNJ realiza estudos para padronizar as informações em todo o país.
Resolução do CNJ determina criação de coordenadorias de violência contra mulheres nos tribunais
Lei Maria da Penha será divulgada nos estádios de futebol
V Jornada Lei Maria da Penha
O evento promovido anualmente pelo CNJ visa discutir as políticas públicas do Poder Judiciário sobre o tema e sua integração com outros órgãos governamentais. Na abertura da quinta edição do evento, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que o Brasil ainda está longe de uma meta desejável que seria o fim da violência contra a mulher. Para o ministro, uma das dificuldades do combate à violência é a falta de informações atualizadas. Por isso, o governo pretende investir para acompanhar de forma mais ágil a ocorrência desse tipo de crime. Segundo Cardozo, o fato de a presidente da República ser uma mulher é uma oportunidade para enfrentar de forma mais efetiva o problema da violência.
Parcerias estimularão criação de juizados especiais de violência contra a mulher
A fim de unir esforços para a divulgação, consolidação e implantação dos instrumentos previstos na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) firmou duas importantes parcerias: um Acordo de Cooperação Técnica com a Secretaria de Política para as Mulheres da Presidência da República, Ministério da Justiça, Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados e o Fórum Nacional de Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e um – Memorando de Entendimento com a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres).
Ministra pede agilidade nos processos de violência doméstica
Já a ministra Iriny Lopes, que foi relatora da Lei Maria da Penha na Câmara, defendeu a importância de uma legislação específica para a proteção das mulheres. “A violência contra a mulher é praticada por pelo fato de ela ser mulher. O nosso objetivo, dos legisladores da época, era dar clareza sobre a motivação”, afirmou a ministra.
Lei trouxe mudança conceitual no combate à violência contra a mulher, diz especialista
Encerrando a V Jornada, Carmen Hein de Campos, coordenadora nacional do Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem-Brasil), declarou que a Lei Maria da Penha “tem relevância internacional por apresentar importantes diretrizes de longo prazo, como o planejamento de políticas públicas voltadas para a questão da violência contra a mulher, o controle de proposições de ordem sexista, a adoção de medidas jurídicas para combater tal violência e, por fim, medidas de proteção e combate à violência contra as mulheres”.
Leia outras notícias sobre a Lei Maria da Penha:
Dilma diz estar preocupada com violência contra mulher
Juiz aplica Lei Maria da Penha para casal homossexual
STF dá liminar para juiz que achou lei ‘diabólica’
Câmara aprova inclusão de namoradas na Lei Maria da Penha
Trato da lei é carregado de intolerância, diz Iriny Lopes
‘Violência não começa mulher sendo espancada’, diz delegada