(Blasting News, 27/11/2015) O presidente do país africano, Yahya Jammeh, declarou que a prática, que afeta cerca de 76% das mulheres gambianas, está banida.
A visão de uma menina ou uma mulher sendo submetida a uma cirurgia, na qual grande parte, ou toda a sua genitália externa é removida com uma lâmina, muitas vezes não esterilizada e sem qualquer tipo de anestesia, deixando apenas um orifício no lugar, pode aterrorizar muita gente.
Assim ocorre a mutilação genital feminina (MGF, ou female genital mutilation, FGM, em inglês), prática muito comum em alguns países africanos e no Oriente Médio, e que traz muitos problemas à saúde das mulheres que passam pelo procedimento, como, por exemplo, cistos, dor crônica, infecções, infertilidade e até mesmo hemorragias fatais.
Nos países africanos onde dados são disponíveis, constata-se que a maioria das mulheres que sofrem a cirurgia possuem menos de 5 anos de idade, e estima-se que mais de 130 milhões de mulheres já foram afligidas por esta mutilação em algum grau.
Na Gâmbia, cerca de 76% das mulheres já passaram pelo procedimento, e, destas, 56% já haviam sido mutiladas antes dos 14 anos. Mas, finalmente, o governo gambiano resolveu agir, pois o presidente do país, Yahya Jammeh, declarou, de forma inesperada à imprensa, que a controversa intervenção cirúrgica está proibida.
Raízes religiosas, sociais e culturais
A Gâmbia é uma nação de religião predominantemente muçulmana, e a proibição da mutilação está gerando divisão e polêmica pelo país. Existem pessoas que afirmam que a MGF é permitida pelo Islã, tanto que algumas autoridades religiosas gambianas já chegaram a negar a existência da mutilação, alegando que o procedimento era somente uma espécie de “circuncisão feminina”.
Contudo, o presidente Jammeh afirmou que o procedimento jamais foi ditado pelo Islã, e, por isso, deve ser abolido de uma vez por todas.
A prática da MGF tem suas raízes em questões culturais e sociais, e foi imposta com o intuito de controlar a sexualidade feminina. O fato está tão enraizado na sociedade local que muitas mulheres têm medo de que, se não passarem pela mutilação, serão excluídas socialmente.
Uma grande vitória
Jaha Dukureh, uma ativista gambiana que luta contra a mutilação feminina, declarou: “Estou realmente surpresa que o presidente tenha feito isso. Eu não esperava isso nem em um milhão de anos. Estou muito orgulhosa do meu país e eu estou muito, muito feliz”.
Jaha disse ainda: “A coisa mais surpreendente é que é época de eleição. Isso pode custar a eleição ao presidente. Ele colocou as mulheres e meninas em primeiro lugar, o que poderia afetá-lo negativamente, mas isso mostra que ele se preocupa mais com as mulheres do que em perder os votos das pessoas”.
O trabalho de Jaha é tão ativo e importante, que ela ajudará as autoridades do país na elaboração da legislação pertinente ao combate e eliminação da mutilação genital feminina.
Daniel N.
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