Para comissão médica a participação de transgêneros é fundamental, mas eles devem ser liberados pelas federações nacionais.
(HuffPost Brasil, 24/01/2018 – acesse no site de origem)
O caso da jogadora de vôlei transexual, Tiffany Abreu, 34 anos, tem causado mal estar na Superliga Feminina e dividido opiniões entre especialistas. Na tarde desta quarta-feira (24), após uma reunião em Lausanne, na Suíça, integrantes da FIVB (Federação Internacional de Vôlei) ratificaram o posicionamento da organização, favorável ‘à manutenção de atletas transexuais no esporte.
Além de reforçar sua posição, a FIVB manteve as condições vigentes estabelecidas pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) em 2015, se comprometeu a “estudar melhor a questão” e ainda ratificou que a participação de transgêneros ou não nos times é responsabilidade das federações locais.
“Hoje fizemos avanços significativos em uma série de questões médicas que podem mudar a imagem do vôlei como a conhecemos”, afirma Annie Peytavin, que chefiou a reunião a comissão médica da FIVB, em nota divulgada à imprensa. “Um caso específico que foi tratado diz respeito a questão do atleta transgênero”, continua.
Em nota, ela ainda afirma que “a comissão médica da FIVB está empenhada em estudar mais esta questão” com o objetivo de “garantir que qualquer decisão tomada pela FIVB seja baseada nos dados e conhecimentos mais recentes nesta área”.
A nota ainda ressalta que “o objetivo é assegurar tanto em competições de quadra como de praia que se respeite a escolha individual de uma pessoa, ao mesmo tempo que assegure condições equitativas no campo de jogo. Para competições nacionais de clubes, a participação dos transgêneros é exclusivamente de responsabilidade das federações nacionais”.
A regra vigente
De acordo com regras do COI, homens trans podem participar de competições masculinas sem restrições. Já mulheres trans precisam preencher quatro condições para disputar competições femininas:
– Declarar ser do gênero feminino (reconhecimento civil que não pode mudar por no mínimo quatro anos para efeitos esportivos)
– Ter nível de testosterona menos que 10 nanomol/l nos 12 meses anteriores ao primeiro jogo
– Manter o nível de testosterona menor que 10 nanomol/l durante o período elegível para competir
– Ser submetidas a testes frequentes para monitorar o nível testosterona.
De acordo com o jornal O Globo, Tifanny costuma apresentar 0,2 nanomol/l de testosterona em seus exames, cumprindo os requisitos do COI.
O brasileiro Luis Fernando Lima, secretário-geral da FIVB, também em comunicado, reconheceu que a questão de atletas transexuais em esportes de alto rendimento é complexa e sensível.
“Precisamos estar atentos à igualdade dentro das categorias de gênero e fazer isso com a ajuda de especialistas. A FIVB trabalhará em estreita colaboração com o COI e a ASOIF (Associação das Federações Internacionais de esportes olímpicos de verão) para estarmos alinhados diante de um assunto tão sensível”.
Ainda segundo a nota, a FIVB não tem uma previsão para que alterações na norma que libera participação de atletas transexuais seja modificada.