Público de 600 mil pessoas, segundo organização, lotou Copacabana
(O Globo, 11/12/2016 – acesse no site de origem)
A 21ª Parada LGBT na Praia de Copacabana começou na tarde de ontem em tom de protesto contra as 300 mortes por crimes de homofobia no país este ano. À frente dos seis trios elétricos, voluntários vestiam preto e carregavam um caixão coberto com a bandeira do arco-íris que representava as vítimas.
A diversão teve início quando a funkeira Ludmilla subiu ao carro principal, provocando alvoroço entre as milhares de pessoas no asfalto. Ela se disse muito honrada de participar do evento e cantou por cerca de 40 minutos.
O presidente do Grupo Arco-íris, Almir França, estimou que o desfile reuniu um público de 600 mil pessoas. Temeroso de que este seja o último ano da parada, por causa da mudança no governo municipal, que terá à frente Marcelo Crivella, ligado à Igreja Universal, França afirmou que quer conversar com o poder público para garantir a continuação da festa:
— Somos uma grande instituição, conseguimos muita visibilidade durante esses 21 anos e queremos que isso continue. Mesmo sabendo que essa não foi uma eleição favorável para a gente e que secretarias foram extintas pelo estado, vamos manter o diálogo. Queremos também mais contato com as áreas da educação e da cultura.
O evento este ano teve como tema “Eu sou minha identidade de gênero”. Na Avenida Atlântica, os manifestantes pediam respeito ao direito de autodeterminação da identidade de gênero e a aprovação do Projeto de Lei João Nery, de autoria do deputado federal Jean Wyllys (PSOL) com a deputada Erika Kokay (PT), que trata do tema.
Pela primeira vez na festa, Bruno Bantin e Alice Carvalho saíram do interior de Minas Gerais e levaram dez horas para chegar a Copacabana. Eles contaram que sempre foi um sonho participar do evento e que fretaram um ônibus com outras 44 pessoas.
— Nunca tinha participado. Esse ano resolvemos fechar o ônibus e vir. Estou amando, é maravilhoso — comentou Bruno.
Já Ludvick Rego vai todos os anos fantasiado:
— Moro em Ipanema e venho sempre. Adoro usar minha criatividade. No ano passado, vim de anjo. Agora, estou de diabo — dizia ele, se divertindo.
Com 98 anos, Neia Barreto participa desde a primeira edição:
— Todo mundo aqui é muito alegre, e eu também sou muito animada. Nunca tive preconceito. Por que eu teria?
De acordo com guardas municipais e PMs no local, pelo menos quatro pessoas foram detidas e levadas para a 12ª DP (Copacabana) por furto. Walisson Reis, que veio de Brasília, afirmou que se decepcionou com a quantidade de roubos na festa:
— Toda hora chamo a PM. Isso acaba com a parada.
Júlia Amin