A maior pesquisa já feita revela que a existência ou a falta de suporte social e preconceito interferem no grau de adesão dessa população aos tratamentos de saúde
(Brasileiros, 14/02/2017 – acesse no site de origem)
Estudo pioneiro conduzido pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos, acaba de apontar que a população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) apresenta taxas mais altas de doenças cardiovasculares, depressão e isolamento social no seu processo de envelhecimento. Seu objetivo é entender os tópicos críticos, desafios e necessidades de um grupo que cresce e é, ainda, pouco estudado.
Este acompanhamento das condições de saúde e bem-estar LGBT, chamado de Aging with Pride: National Health, Aging, and Sexuality/Gender Study, é o maior já realizado. A equipe pesquisou 2.450 adultos com idades entre 50 e 100 anos por cerca de sete anos para avaliar o impacto de fatores históricos, ambientais, psicológicos, sociais, comportamentais e biológicos sobre a saúde e bem-estar do grupo.
O esforço de investigação, financiado pelo governo norte-americano, avaliou o papel das redes sociais, a saúde mental, o consumo de álcool e engajamento de saúde. Todo o material levantado rendeu um suplemento com 10 artigos recentemente publicados pelo jornal The Gerontologist.
Entre os achados, os estudos evidenciaram que a existência ou a falta de suporte social à pessoa LGBT influi nas taxas de consumo de bebidas alcoólicas. Aproximadamente 20% dos adultos LGBT mais velhos, por exemplo, relataram padrões de consumo de bebidas alcóolicas que indicam alto risco. O preconceito também pesa na saúde. Ele prejudica, por exemplo, a adesão aos tratamentos de doenças agudas e crônicas, especialmente. Atrapalha, por exemplo, a construção de uma boa relação entre o médico e o paciente.
Outro trabalho viu que o estigma da identidade está relacionado de forma importante com o aparecimento de sintomas depressivos em idosos transexuais. A pesquisa descobriu ainda que, nos Estados Unidos, ter um histórico anterior de serviço militar funcionou como um atenuante da relação entre o estigma da identidade os sintomas depressivos. Os especialistas discutem agora orientações para uma futura pesquisa que explore de que modo o serviço militar anterior pode contribuir para a resiliência e resultados positivos de saúde mental nesse grupo.Não se sabe se esse achado pode ser transposto para outras culturas.
“As descobertas deste estudo do envelhecimento entre os adultos mais velhos LGBT podem aprofundar nossa compreensão sobre a riqueza, a diversidade e resiliência desse grupo durante todo o curso da vida”, disse Karen Fredriksen-Goldsen, principal autora do trabalho e diretora do centro de excelência Health Generation, da Universidade de Washington. “É importante entender que essas comunidades são diversas e os grupos enfrentam desafios distintos para a sua saúde.”
População crescente
Nos Estados Unidos, cerca de 2,7 milhões de adultos com 50 anos ou mais se auto-identificam como LGBT.
As estimativas populacionais indicam que esse número deve chegar a mais de cinco milhões em 2060. Hoje, cerca de 1,1 milhão de pessoas estão acima dos 65 anos.
Os dados disponíveis e cientificamente comprovados sobre a saúde do grupo LGBT ainda são escassos. A maioria dos estudos abordou políticas de saúde existentes para essa população e questões econômicas ou educacionais, como o desenvolvimento das crianças educadas em lares LGBT.