(Celina/O Globo| 29/05/2021 | Por Cíntia Cruz)
O levantamento foi feito pela ONG Criola, que atua na defesa dos direitos de mulheres negras, com dados do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19
As mortes de grávidas e puérperas negras (pretas e pardas) por Covid-19, desde o início da pandemia, superaram em 78% os óbitos das gestantes e puérperas brancas em todo o Brasil. O levantamento foi feito pela ONG Criola — que atua na defesa dos direitos de mulheres negras — com dados do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19, atualizados no último dia 26 de maio. Em relação ao total de grávidas e puérperas mortas no país pela doença, negras representam 55,6% do total de casos.
A falta de políticas públicas para esse grupo e a precariedade de serviços de saúde contribuem para os dados. Uma pesquisa de julho de 2020 mostrou que o Brasil era, até aquele momento, responsável por 77% das mortes de grávidas no mundo.
— Se mulheres negras já tinham um percentual de mortalidade materna bastante importante, na pandemia isso vem com muito mais força. Sem orientação, sem proteção e, sobretudo, perdendo o mínimo de direitos que se tinha antes, já que os serviços acabaram deixando de lado o cuidado necessário no pré-natal e no acompanhamento dessas mulheres no pós-parto — afirma Lúcia Xavier, coordenadora-geral de Criola. — A pandemia não só agravou, mas trouxe para essas mulheres a experiência de total insegurança.