(O Estado de S. Paulo) Em artigo publicado pelo Global View Point, a acadêmica iraniana Azar Nafisi lembra Neda Agha Soltan, de 23 anos, cuja morte durante uma manifestação contra a fraude nas eleições presidenciais do Irã foi vista no ano passado por milhões de pessoas pela TV e internet. Agora o mundo acompanha o caso de Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos e mãe de dois filhos, presa por ter mantido “relações ilícitas” com dois homens, condenada a 99 chibatadas, acusada de “adultério enquanto casada” e condenada a morte por apedrejamento.
“Diante da campanha e dos protestos globais, o regime iraniano de certo modo se retratou, declarando que não levará a cabo a sentença de morte por apedrejamento contra Sakineh, mas não descartou a possibilidade de que ela possa morrer por outros meios. A pergunta é, alguém se sentirá mais feliz se ela for enforcada e não apedrejada?”, questiona Nafisi.
“As corajosas mulheres iranianas acaso não reafirmam hoje a luta universal das mulheres ao longo dos séculos pelos seus direitos? É por este sentimento de empatia, este desejo de nos relacionarmos com os outros, que hoje defendemos Sakineh. E por causa deste sentimento de empatia, pois agora sua causa é também nossa, que, se e quando ela for libertada, teremos de lembrar que, enquanto perdurarem leis repressivas e retrógradas, esta brutalidade continuará.
Hoje no Irã, mais 12 mulheres e 3 homens aguardam a morte por apedrejamento. Muitos foram torturados e executados, e outros estão ameaçados de ser executados por motivos políticos. A campanha não terminará enquanto estas leis repressivas não forem repudiadas; pois, enquanto elas existirem, haverá sempre a possibilidade de que sejam adotadas contra outras vítimas.”
Acesse esse artigo na íntegra: Em defesa de mulheres como Neda e Sakineh, por Azar Nafisi (O Estado de S. Paulo – 01/08/2010)