(Maráilia Rocha, da Folha de S.Paulo-Campinas) População aumentou e vítimas estão denunciando mais, afirma delegada. No ano passado, do total de ocorrências no Estado, 56% foram registradas no interior e 23% na capital paulista
Os registros de estupros cresceram mais no interior de São Paulo do que na capital nos últimos dez anos -o número mais do que triplicou no interior, enquanto não chegou nem a dobrar na capital.
O crescimento da população sem um aumento proporcional de políticas públicas e a maior disposição das vítimas para a denúncia são possíveis explicações para o índice.
Dados da Secretaria da Segurança Pública mostram que a concentração de denúncias no interior (que inclui também o litoral) vem crescendo.
Do total de ocorrências registradas no Estado em 2001, 46% estavam no interior, porcentagem que subiu para 56% no ano passado. A capital tinha 33% dos casos, índice que caiu para 23%. Já a Grande SP passou de 22% para 21%.
Para a delegada responsável pela Delegacia de Defesa da Mulher de Campinas, Cássia Afonso, as vítimas estão denunciando mais e os órgãos têm atuado em conjunto (entidades de saúde que identificam estupros podem registrar ocorrências, por exemplo).
A socióloga Eva Blay, professora da USP e militante feminista, destaca a mudança no comportamento das vítimas. “Antes, o interior escondia mais a violência, o estupro. A coragem de denunciar chegou a essas cidades.”
A pesquisadora Angelina Lettiere, mestre pela USP de Ribeirão Preto em violência contra a mulher, concorda que as mulheres estão “mais pró-ativas” na busca por ajuda.
Outro fator é o crescimento populacional comparativamente menor na capital, que também pode gerar essa “desproporção”, diz Afonso.
Segundo o último censo do IBGE, em 2010, a população de São Paulo cresceu 7,8% em relação a 2000, menos do que em cidades como Campinas (11,5%) e Sorocaba (18,8%).
Polícia
Em nota, a Coordenadoria das Delegacias de Defesa da Mulher informou que as ações da Polícia Civil são as mesmas em “qualquer município”. Há mais denúncias, segundo a coordenadoria, quando se tem mais acesso a informação e redes de apoio.
Mesmo com a concentração dos registros de estupros fora da capital, a capitão Glauce Cavalli, porta-voz de um dos comandos da Polícia Militar no interior, avalia que o trabalho da PM é “suficiente”, já que o comandante de cada área redimensiona o policiamento de acordo com os índices criminais do local.
Desde agosto de 2009, “ato libidinoso” é considerado estupro. Com a alteração, mais gente pode ser considerada vítima de estupro (inclusive homens), aumentando a abrangência de casos.
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