08/09/2013 – Abaladas, vítimas de estupro nem sempre se protegem após a violência sexual

08 de setembro, 2013

(O Dia) Além do trauma da violência sexual, as vítimas de estupro ainda precisam enfrentar outro drama: a luta para evitar a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada. Com o número de notificações do crime cada vez maior no estado — só no primeiro semestre foram 3.453 registros, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP) —, é grande a preocupação dos profissionais de saúde para que todas as vítimas recebam o atendimento adequado, já que a eficácia do tratamento é sempre maior quando é iniciado imediatamente após o ataque. Mas, abaladas pelo impacto da violência, nem sempre as pessoas sabem o que fazer e a quem recorrer.

“O ideal é procurar o tratamento o mais rápido possível, já nas primeiras horas, independente do sexo ou idade da vítima, e se ela já fez o registro do caso na delegacia ou não. Assim, ela evita danos para a saúde, já que o crime em si é um trauma grande”, diz Fernanda Prudêncio, gerente do Programa Saúde da Mulher do município do Rio.

A rede possui serviço especial de atendimento às vítimas de violência sexual em todos os seus hospitais, maternidades e UPAs. No ano passado, o município registrou 3.345 fichas de notificações de violência (inclui todos os tipos de registros oficiais), sendo 436 dessas crimes sexuais. Na rede estadual, as sete principais emergências, incluindo o Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, estão preparados para receber e tratar esses casos.
Em Nova Iguaçu, o Hospital da Posse criou, há 11 anos, serviço de atendimento emergencial para vítimas de violência sexual, que funciona 24 horas. Desde então, mais de mil pessoas passaram pelo serviço ambulatorial, psicológico e social da unidade. Responsável pelo serviço, a ginecologista Elaine Araújo reforça a importância de, além de cuidar da saúde, denunciar o crime.

CONTRACEPTIVO DE EMERGÊNCIA

Para evitar a gravidez, a mulher deve tomar combinação de contraceptivos de emergência com doses altas de hormônios, durante um dia inteiro, e que são eficazes se ingeridos até 72 horas após a relação sexual indesejada.

DSTs / AIDS

Já no primeiro atendimento médico, a vítima faz exames para descartar a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis ou pelo vírus HIV. O paciente começa a tomar coquetel de remédios, que inibe a contaminação. A ingestão dos medicamentos pode durar semanas, de acordo com o tratamento.

ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO

Na maioria das unidades das redes municipal e estadual, além do Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, é realizado, além do atendimento ambulatorial, o acompanhamento psicológico e social das vítimas. As sessões de análise são semanais, com duração de seis meses ou mais, dependendo do estado do paciente.

INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ

A interrupção legal de gravidez em caso de estupro é permitida somente por meio da comprovação do crime, com a notificação na rede de saúde ou registro policial, na época do ocorrido, além de avaliação médica e protocolo. A interrupção só é feita até, no máximo, a 22ª semana de gestação.

Acesse o PDF: De volta à vida (O Dia, 08/09/2013)

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