(Diário de Pernambuco) Haverá campanhas na mídia, sensibilização de jovens estudantes e fortalecimento de lideranças.
As ações contra a homofobia no estado acabam de ganhar um reforço no orçamento. O Consulado dos Estados Unidos no Recife vai investir US$ 14,8 mil em um projeto apresentado pelo Instituto Papai, ONG com 16 anos de atuação na capital. A ONG venceu outras sete propostas sugeridas por instituições dos estados de Alagoas e Sergipe. A ideia é combater o preconceito contra a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis) em três eixos: campanhas na mídia, sensibilização de jovens estudantes e fortalecimento de lideranças. O projeto começa a sair do papel no mês que vem e deve ser concluído em dez meses. Dados do Centro Estadual de Combate à homofobia apontam que, este ano, 30 homossexuais foram assassinados em Pernambuco.
Thiago Rocha, coordenador de projetos de educação sexual do Papai, disse que uma das estratégias principais da campanha é lançar vídeos na web para aproveitar o grande alcance que a internet tem junto à população. “Também há previsão de lançarmos o material na TV. Não queremos que seja apenas mais uma campanha”, avisa. A coordenação do Papai defende que a discussão do tema na escola também é uma forma eficiente de combater a homofobia. “É importante pôr fim à violência em suas raízes”, acrescenta Thiago Rocha.
O terceiro eixo do projeto, o fortalecimento de lideranças, é uma das principais áreas de atuação da ONG desde sua fundação. Glauber dos Santos, 24 anos, por exemplo, conheceu o trabalho do Papai quando tinha 16 anos. Conta que lá aprendeu noções de direitos humanos, prevenção, sexualidade, gênero e sensibilização junto à comunidade. “Percebi que posso colaborar ensinando o que as pessoas ainda não sabem”. O resultado da capacitação foi a formação do grupo Gaymado, uma referência a um jogo de queimado composto apenas por homossexuais que acontecia na Praça da Várzea.
Na opinião da cônsul Usha Pitts, a ideia da campanha foi o que mais pesou a favor do projeto do Papai. “Uma campanha midiática é importante na região Nordeste, principalmente quando falamos do interior, onde a violência é ainda maior”, destacou. Segundo ela, o apoio financeiro segue uma política já desenvolvida nos Estados Unidos de apoio à população LGBT. “O governo americano reconhece que os direitos LGBT também são humanos”, diz Brian Bedsworth, da área de assuntos políticos e econômicos do consulado.
Além do apoio financeiro, o consulado auxilia instituições que lidam com a população LGBT através de palestras com pessoas que estudam o tema, por exemplo. O edital que abriu inscrições dos projetos foi lançado pelo consulado em julho para toda a região Nordeste, com exceção da Bahia.
Acesse o PDF: Campanhas vão reforçar combate à homofobia (Diário de Pernambuco, 14/09/2013)