(Agência Patrícia Galvão/ANDI/SPM) A violência contra as mulheres é um tema de destaque no noticiário brasileiro. Segundo a “Análise da Cobertura da Imprensa sobre Violência contra a Mulher”, quase 20% do que é publicado nas páginas de jornal merece chamada de capa. O problema é que este apelo vem acompanhado de uma cobertura policialesca que pouco se interessa pelas políticas ou pela legislação destinada a combater ou prevenir essas agressões.
Saiba mais
– Análise da cobertura de 16 jornais de todas as regiões brasileiras sobre a Violência contra a Mulher aponta que a discussão sobre legislação e políticas públicas é esquecida.
– “Seminário Imprensa e Agenda de Direitos das Mulheres – uma análise das tendências da cobertura jornalística” discutirá os resultados desta e de outras três pesquisas inéditas. O evento acontecerá em Brasília, no dia 3 de outubro.
A violência contra a mulher é um tema de destaque no noticiário brasileiro. Segundo a “Análise da Cobertura da Imprensa sobre Violência contra a Mulher” quase 20% do que é publicado nas páginas de jornal merece chamada de capa.
O problema é que este apelo vem acompanhado de uma cobertura policialesca que pouco se interessa pelas políticas ou pela legislação destinada a combater ou prevenir as agressões. Apenas 13% da cobertura relaciona-se ao Estado e suas ações.
Mais de 80% do material analisado são denúncias descontextualizadas e parciais do problema, e sem propostas ou soluções para evitar novas ocorrências.
A pesquisa é a terceira de uma série de quatro levantamentos realizados pela ANDI – Comunicação e Direitos e pelo Instituto Patrícia Galvão, no âmbito de projeto desenvolvido com o Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal.
Cobertura local e individualizada
Em 73,78% do material analisado, a abordagem é individualizada. Ou seja, as notícias narram casos isolados de violência sem referenciar o problema ou questionar as diferentes esferas de governo para prevenir os ocorridos ou penalizar os agressores.
Por isso, 35,1% dos textos sobre o tema são publicados nas seções de notícias locais, geralmente nas páginas policiais.
No mesmo sentido, as fontes de informação mais escutadas pelos jornalistas são os policiais: 25,83% do noticiário. Além dos agentes de segurança pública, também são consultados especialistas (11,31%), o Judiciário (8%), o Ministério Público (3,67%) e representantes dos governos estaduais (3,1%).
Políticas e legislação fora da pauta
Outro indicativo da falta de debate mais aprofundado nos jornais é a pequena visibilidade das políticas públicas e da legislação que trata dos crimes contra a mulher.
Somente 2,13% da cobertura mencionam políticas públicas. A baixa porcentagem indica um desinteresse em cobrar, monitorar e avaliar as iniciativas do poder público voltadas à questão.
Cerca de 87% do noticiário também esquecem da legislação existente na área. A Lei Maria da Penha, que completa cinco anos em 2011, é uma das poucas que merecem alguma citação.
Mesmo assim, as notícias publicadas em 2010 não contemplam questões cobradas por esta lei, como a ausência de mecanismos para a coleta e disponibilização de estatísticas; a necessidade de campanhas educativas e o papel da educação na mudança de atitudes.
Causas da violência e soluções
É pequena também a abordagem da imprensa sobre as causas da violência contra a mulher. Somente 13,49% dos textos aprofundam a discussão neste sentido. A ineficiência das autoridades e a desestruturação familiar são os motivos mais destacados pela imprensa analisada.
Pouco mais de 12% dos textos mencionam a impunidade do agressor ou as dificuldades de penalizá-lo pelo crime.
Outro problema comum enfrentado pelas vítimas de agressão é a falta de canais para a denúncia. A imprensa pouco colabora nesse sentido. Apenas 4% das notícias enfocam os serviços de atendimento como o Ligue 180 e as Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAMs).
Também faltam reportagens sobre a precária situação dessa rede de atenção às mulheres. Ao ignorar essa lacuna do Estado, a imprensa perde a oportunidade de cobrar respostas dos poderes públicos.
Seminário irá debater visibilidade da mulher na mídia
A ANDI, o Instituto Patrícia Galvão e o Observatório Brasil da Igualdade de Gênero já divulgaram anteriormente dois resumo executivos das análises de imprensa sobre “Mulheres na Política” e “Mulheres e Trabalho”. Em outubro, a parceria irá apresentar dados de um estudo de caso sobre a cobertura da posse da presidente Dilma Rousseff.
Os resultados completos serão debatidos no seminário Imprensa e Agenda de Direitos das Mulheres – uma análise das tendências da cobertura jornalística, organizado pela Secretária de Políticas para as Mulheres. O evento reunirá em Brasília profissionais de imprensa e especialistas na agenda de equidade de gênero. Será realizado no dia 3 de outubro, no Auditório do Anexo I do Palácio do Planalto, e é aberto ao público.
Inscrições online pelo site: http://adm.informacao.andi.org.br/seminario/.
O resumo executivo da pesquisa está disponível para download.
O Observatório é uma iniciativa da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República para dar visibilidade e fortalecer as ações na promoção da igualdade de gênero e dos direitos das mulheres. Para isso, o Observatório atua em cinco grandes eixos: Indicadores; Políticas Públicas; Legislação e Legislativo; Internacional; e Comunicação e Mídia.
Fontes
Instituto Patrícia Galvão
Jacira Melo e Marisa Sanematsu
[email protected] / [email protected]
(11) 3266-5434
ANDI – Comunicação e Direitos
Lauro Mesquita
[email protected]
(61) 2102-6530
Observatório Brasil da Igualdade de Gênero
Nina Madsen e Júlia Zamboni
[email protected] / [email protected]
(61) 3411-4227