(Paulo Cosme, Paraíba.com) Cento e quatro mulheres foram estupradas em 2011 na Paraíba. Os dados são do Centro da Mulher 8 de Março que também registrou no mesmo período 44 assassinatos, 63 tentativas de homicídios e 74 agressões. Do total de estupros, 23 foram em mulheres adultas, 45 em adolescentes e 36 em crianças.
“Se levarmos em consideração apenas os números que reflete, em parte, o alcance da imprensa em noticiar situações de violência contra a mulher, tivemos números menores em relação ao ano de 2010, uma vez que nos casos dos assassinatos no ano anterior foram 53 e 130 estupros, o que é um número absurdo. Contudo, sabemos que na realidade esses números são bem maiores, pois grande parte dos casos não chega ao conhecimento da imprensa nem do Estado”, avaliou Elaine Bezerra, Coordenadora de Relações Institucionais do Centro da Mulher 8 de Março.
De acordo com ela, os casos que são notificados pela segurança pública ainda não são disponibilizados para o público em geral. “Se pudéssemos, por exemplo, cruzar os nossos dados com a Secretaria de segurança, teríamos a possibilidade de monitorar melhor a questão da violência contra a mulher” comentou Elaine Bezerra.
De acordo com ela, no geral, os crimes contra as mulheres continuam sendo fruto da estrutura patriarcal e machista da sociedade que mantém a opressão de gênero, justificando a violência doméstica e sexual e culpabilizando as vítimas. “Os agressores são os homens que mantém ou mantiveram algum tipo de relação afetivo-amorosa com as vítimas e que cometem violência não só contra a sua companheira, mas também a familiares, como foi o caso recente que ocorreu em Santa Rita aonde o homem esfaqueou a mulher e a mãe dela”, avaliou.
Para Elaine Bezerra, os crimes contra as mulheres são cruéis e denotam toda a carga conservadora e de opressão das mulheres na sociedade. Ela disse que a Lei Maria da Penha, que obriga a implantação por meio dos poderes, executivo e judiciário, de uma série de políticas e serviços, vem surtindo algum efeito na prevenção da violência contra a mulher e punição dos culpados. “Hoje há alguns serviços de atendimento a vítima de violência no estado, houve ampliação do número de delegacias especializadas de atendimento a mulher e a implantação da vara em Campina Grande”, destacou.
Mesmo assim, segundo Elaine Bezerra, isso ainda não é suficiente, diante do tamanho do estado e da complexidade que é tratar esta situação. “Também temos a consciência que para erradicar os crimes contra a mulher é necessário investir na mudança cultural da sociedade e na autonomia econômica e política das mulheres, uma vez que direcionar as ações e políticas públicas no sentido da emancipação plena das mulheres é o caminho para libertá-la da discriminação e de qualquer tipo de violência” finalizou.
Um pouco mais sobre o órgão – O Centro da Mulher 8 de Março é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que luta em defesa dos direitos das mulheres, por uma vida digna e sem violência. Este ano o Centro completa 22 anos de trabalho no estado, entre suas ações, destacamos o acompanhamento e monitoramento, através da imprensa, dos crimes contra a mulher.