Com o objetivo de analisar e entender o papel preponderante da mídia na potencialização da intolerância religiosa, foi lançado no dia 20, Dia da Consciência Negra, em Olinda, o Ojuran – Observatório de Mídia e Religiosidade.
De acordo com Beth de Oxum e Ricardo Ruiz, o Ojuran é um projeto de observação, consolidação e interpretação de dados sobre o papel da mídia na construção – ou desconstrução – de uma sociedade que tenha garantidos seus direitos de culto e expressão das religiões, conforme assegura a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O lançamento do Observatório ocorreu durante os festejos do Festival Cozinha, no dia 20, no Museu de Arte Contemporânea de Olinda.
Em entrevista ao Correio Nagô, Ricardo Ruiz conta mais sobre o Ojuran:
Como surgiu essa idéia? Quem são as pessoas envolvidas?
Em junho de 2012, a Mãe Beth de Oxum, matriarca do Ilê Axé Oxum Karê, levou à Ovidoria Geral da Presidência da República relatos da conjuntura acerca do respeito à religiosidade de matriz africana e indígena no Estado de Pernambuco. Os casos de violenta violação de direito ocorridos durante este ano chamaram a atenção do órgão, que solicitou à Iyalorixá um relatório dos principais casos. Reunindo informações através de material informativo veiculado na internet pudemos constatar, por observação, o papel preponderante da mídia na potencialização da intolerância religiosa. As pessoas são: Mãe Lúcia de Oyá, Iyalorixá do Ilê Axé Oyá Togun e Presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos de Pernambuco; Mãe Beth de Oxum, Iyalorixá do Ilê Axé Oxum Karê, Ricardo Ruiz, comunicólogo e designer, Yawô do Ilê Axé Oxum Karê e Ronaldo Eli, jornalista e economista.
Qual a metodologia que vocês irão utilizar?
Através do site, publicaremos dossiês levantados com matérias publicadas e artigos que relacionem esses momentos com a intolerância religiosa na mídia. Posteriormente, começaremos um processo formativo nas comunidades de terreiros para ampliar a participação e o debate sobre o assunto
Na sua opinião, qual mídia é mais discriminatória com as religiões de origem africana?
É uma questão de extensão. O preconceito se estende de um outro, e isso é refletido nos meios de comunicação, seja ele a TV, Radio, Jornais ou Internet. O que queremos é apontar o papel fundamental dos grandes conglomerados de mídia na disseminação do preconceito nas pessoas com relação as religiões de matriz africana. E como o processo de construção de redes ecumênicas de comunicação através de políticas publicas e privadas poderiam cumprir, talvez até pelo avesso do termo, o papel de Laicidade do Estado. Esse sim, acredito, ser o ponto mais importante aqui.
Como esse observatório pode contribuir para a criação de uma política pública de comunicação que favoreça a diversidade religiosa?
A intenção, uma vez que percebemos a dificuldade em encontrar material sobre o tema, é enriquecer a produção de informações e reflexões acerca do assunto para subsidiar a construção de políticas que busquem canais de comunicação garantidos a todas as religiões, e não apenas a sublocação de concessões públicas por uma ou outra religião que se empenham em pagar por tais horários na mídia.
Acesse em pdf: Ojuran – Observatório de Mídia e Religiosidade (SOS Corpo – 21/10/2012)