O estudante de medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) Daniel Tarciso da Silva Cardoso vai se formar mesmo após cumprir suspensão por ser acusado de dopar e estuprar alunas da faculdade.
(HuffPost Brasil, 03/11/2016 – acesse no site de origem)
A notícia deixou muita gente inconformada, inclusive um ilustre ex-aluno da FMUSP, Drauzio Varella.
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Em um vídeo compartilhado em seu Facebook na quarta-feira (2), Varella demonstrou indignação diante da atitude do jovem e da decisão da faculdade. Para ele, o caso é “exemplo” de vergonha e impunidade:
“Quando acontecem esses casos de estupro, todo mundo acha que a mulher tem uma parcela de culpa, principalmente se ela bebeu. Eu fico chocado com esse tipo de interpretação. Eu já bebi e muitas vezes eu passei do ponto, mas eu nunca fui estuprado. E eu não conheço nenhum homem que tenha sido nesse tipo de situação. Estupro é crime. Esse caso da Faculdade de Medicina é exemplar. Eu acho que essa situação é muito simples. Eu fico muito envergonhado disso acontecer na faculdade em que eu aprendi a ser médico. As pessoas ficam chocadas sabe por quê? Porque nós médicos temos acesso aos corpos dos pacientes. E as pessoas têm que ter confiança de que nós vamos respeitá-las, independentemente do fato de elas estarem bêbadas, drogadas ou anestesiadas. Isso não pode acontecer com médicos de forma nenhuma, especialmente com alunos que cursaram as melhores escolas do país. Esses meninos que fazem essas coisas têm a exata sensação da impunidade.”
Cardoso já cumpriu todos os créditos exigidos na graduação, mas estava suspenso desde 2014. Já que cumpriu sua suspensão, o aluno poderá colar grau.
Professoras e pesquisadoras da Rede Não Cala USP, movimento criado para amparar vítimas de violência sexual e denunciar casos de estupro e abuso sexual, divulgaram uma nota de repúdio à decisão de deixar Daniel colar grau.
“Temos plena convicção de que a USP não pode correr o risco de diplomar alguém que pode ser um agressor, ainda mais para o exercício de uma profissão destinada ao cuidado, como é o caso da Medicina.”
Em entrevista ao UOL, o advogado do estudante, Daniel Alberto Casagrande, diz que as acusações de estupro não são verdadeiras.
“Foram instaurados três procedimentos apuratórios na FMUSP e nenhum deles reconheceu a ocorrência de estupro”, afirmou Casagrande ao portal. “A suspensão das atividades acadêmicas se deu por outros fatos, não pelo estupro. Há um processo criminal em andamento que, por tramitar sob sigilo, não pode ser comentado.”