MPF vê incentivo ao estupro e tenta barrar festa de medicina em RO

12 de outubro, 2016

Festa foi intitulada como ‘Dopamina’ em folders divulgados em Porto Velho.
Para procurador, termo ‘dopar’ e ‘mina’ prejudicam imagem das mulheres.

(G1, 12/10/2016 – acesse no site de origem)

O Ministério Público Federal (MPF) e mais quatro instituições de Rondônia recomendaram que uma casa noturna de Porto Velho não divulgue ou realize uma festa marcada para a noite desta quarta-feira (12). De acordo com o MPF, o evento foi intitulado como “Dopamina” e isto fere a dignidade das mulheres, pois o termo “dopar” e “mina” insinuam ou podem insinuar que as jovens da festa devem ser drogadas, dopadas e alcoolizadas ou estupradas, segundo MPF. Vários folders com a festa Dopamina foram entregues convidando o público para o evento dos estudantes de medicina.

Para o MPF, os autores acrescentam que a cultura do estupro tem vários traços, como objetificação sexual, trivialização do estupro e recusa de reconhecer o dano causado por algumas formas de violência sexual. No folder do evento foi colocado ‘dopa’ e ‘mina’ com cores diferentes, o que para o procurador Raphael Bevilaqua explicita o duplo sentido.

A recomendação para que a casa noturna de Porto Velho troque o nome da festa foi feita após o MPF receber o folder de divulgação. A Defensoria Pública da União, Conselho Estadual de Direitos Humanos de Rondônia, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Defensoria Pública do Estado de Rondônia (DE-RO) também assinaram o documento pedindo que o estabelecimento não promova o evento com o nome Dopamina.

No documento, o procurador diz que é recorrente os casos de abusos “contra mulheres no ambiente universitário, especialmente após a utilização de artifícios para deixá-las inconscientes”. E que o termo Dopamina prejudica ainda mais a imagem das mulheres.

A festa Dopamina é um chamado para a Intermed 2016, um evento esportivo e festivo dos estudantes de medicina de todas as faculdades de medicina do estado. O Intermed inicia na quinta-feira (13), em Porto Velho.

Ao G1, a direção da casa noturna disse que o evento estava sendo organizado por uma Atlética de Medicina e que, ao receber os documentos do órgão federal, acatou a recomendação e de imediato trocou o nome da festa.

A casa noturna, conforme recomendação do MPF, terá que disponibilizar canais ou mensagens para denúncias de abusos ou violência contra a mulher.

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