‘Não fico sozinha em apartamento, nem em corredor’, declara camareira assediada na Vila Olímpica

14 de agosto, 2016

(O Globo, 14/08/2016) Camareira diz ao ‘Fantástico’ que teme reencontrar boxeador que a atacou sexualmente

Dois boxeadores acusados de estuprar camareiras na Vila dos Atletas levaram a Olimpíada para o noticiário policial. As vítimas continuam a trabalhar no condomínio na Barra onde as delegações estão hospedadas, e os acusados já foram soltos. Em entrevista ao “Fantástico”, da Rede Globo, a jovem atacada por Jonas Junius, atleta da Namíbia, diz que teme reencontrar o boxeador na vila.

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— Eu estava sozinha no corredor, de costas para o quarto dele, quando ele veio me agarrando, me beijando no pescoço, indo para a boca. Foi quando eu o empurrei e falei: “No, no”. Mas ele continuou fazendo gestos obscenos para mim — contou a camareira. — Agora que ele está solto, fiquei desconfiada. Não quero andar sozinha. Não fico sozinha em apartamento, nem em corredor.

Como foi solto, Junius pôde competir, mas perdeu sua luta para um francês.

O outro suspeito é o marroquino Hassan Saada, acusado de atacar duas camareiras. Ele também foi solto pelo Superior Tribunal de Justiça, mas não pode se aproximar da vila. Pedindo para não ser identificada, uma das vítimas do marroquino disse que o crime ocorreu quando ela entrou no quarto para fazer a limpeza:

— Foi meu primeiro dia de trabalho. Aí ele falou: “Foto, foto”. E pediu para tirar uma foto comigo. Eu fiz isso, e ele me deu um beijo no rosto. Pensei que estava agradecendo. Mas aí ele me pegou, beijando a minha boca. Eu o empurrei e falei: “Não, não”.

VÍTIMA: ATLETA OFERECEU DINHEIRO

Ainda segundo a camareira, Hassan não desistiu e chegou a oferecer dinheiro para ela e sua colega de trabalho.

— Eu corri para o banheiro. Nisso, ouvi a minha colega chegando e falando a mesma coisa: “Não não”. Ela veio para o banheiro e disse: “Ele tentou me agarrar”. Depois a gente foi olhar e ele estava no banheiro. Aí, ele veio passando a mão no meu corpo, eu fui empurrar, ele apertou meu peito — contou. — Ele me soltou, agarrou a minha colega, jogou contra a parede, levantou as pernas dela.

Segundo a delegada Carolina Salomão Albuquerque, responsável pelo caso, Hassan e Jonas respondem ao inquérito em liberdade, mas tiveram os passaportes retidos e não podem deixar o Brasil.

— Hoje, qualquer invasão ao corpo da vítima, sem a permissão dela, é considerada crime de estupro — explicou.

Os advogados dos dois boxeadores negam as acusações.

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