Entre janeiro e março de 2018, o estado de São Paulo registrou 3.218 casos de estupro. É o maior índice trimestral desde 2013, quando houve 3.356 registros no mesmo período. O dado foi divulgado pela SSP (Secretaria da Segurança Pública) no fim da tarde desta quarta-feira (25).
(UOL, 25/04/2018 – acesse no site de origem)
Em contrapartida, todos os outros crimes registrados no estado tiveram queda no primeiro trimestre deste ano: homicídio (queda de 14,6%), latrocínio (redução de 35,8%), roubos gerais (queda de 17%). Roubos de banco, carro e carga, além de furtos, também tiveram baixa.
“Nós só tivemos um indicador [estupro], que, infelizmente, subiu. Os demais, todos eles, tiveram relevante queda”, disse o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho. “Fruto do trabalho dos nossos policiais. A PM continua e continuará realizando o mesmo tipo de policiamento”, afirmou.
Segundo o secretário, o crime de estupro é complexo de combater porque “ocorre entre quatro paredes”. Barbosa Filho afirmou que em ao menos 79% dos casos registrados nos últimos anos, havia relação entre a vítima e o agressor. “Qualquer tipo de relacionamento: afetivo, familiar, de amizade ou vizinhança”, indicou.
O secretário pediu que as vítimas sempre registrem o estupro. “Mesmo após (o crime), se a pessoa comunica, a gente pode propor uma medida protetiva, por exemplo. O que sentimos é que as notificações aumentaram e isso é bom para a gente mapear esse tipo de crime”, disse.
Índice de letalidade policial cai
Na noite desta quarta, após a coletiva de imprensa com o secretário, foi divulgado também o número de pessoas mortas pelas polícias Civil e Militar no estado nos três primeiros meses do ano. No primeiro trimestre de 2017, as polícias mataram 238 pessoas. Neste ano, foram 197. Ou seja, houve queda na letalidade em 17%.
Já o número de policiais mortos no estado subiu no período: 9 morreram no primeiro trimestre de 2017, e 17 morreram no primeiro trimestre de 2018 –alta de 88%. Sobre a letalidade policial, o secretário não se manifestou na coletiva.
Ex-comandante da PM vai para gabinete do secretário
Assim que o coronel Nivaldo Restivo, 53, deixar o comando da PM (Polícia Militar), o que deve ocorrer ainda esta semana, assumirá o cargo de chefe de gabinete da Secretaria da Segurança Pública, informou Barbosa Filho nesta quarta-feira.
Restivo, que chegou a ter seu nome ventilado como novo secretário da SSP, será substituído no comando da PM pelo coronel Marcelo Vieira Salles, 51, amigo do governador Márcio França (PSB). O secretário da Segurança Barbosa Filho afirma ter bom relacionamento com ambos os oficiais da PM paulista.
Indicado por Barbosa Filho e pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), Restivo chegou a ser denunciado pelo Massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 detentos foram assassinados por policiais na Casa de Detenção de São Paulo.
“Restivo e Salles são muito próximos a mim. Nós já tivemos várias reuniões para discutir como trabalharemos. Pela mudança dos cargos, não acredito em nenhum tipo de prejuízo à população paulista”, afirmou o secretário da Segurança.
Mudança da Polícia Civil “pode representar grande avanço”
A ideia do governado Márcio França de tirar a Polícia Civil da secretaria da Segurança e enviá-la à secretaria da Justiça “pode representar grande avanço e ganhos institucionais relevantes”, disse Barbosa Filho.
Segundo o secretário, há um estudo em andamento, porque há a necessidade de uma legislação específica sobre o assunto. O estudo deve ser levado ao governador, que deve encaminhar o projeto para a Alesp (Assembleia Legislativa de SP) para ser votada pelos deputados estaduais.
“Em São Paulo, nossas polícias são extremamente integradas. Não haveria efeito negativo a separação por pasta. O que não pode é segregar as polícias. Isso não ocorreria, justamente por serem sempre integradas”, afirmou Barbosa Filho.
Luis Adorno