Pela primeira vez na história brasileira, mulheres comandam dois dos órgãos mais importantes para a ciência no país: Luciana Santos é a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, e Mercedes Bustamante preside a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). A presença feminina na docência aumentou 13,5% em dezesseis anos. Apesar de todos os avanços, mulheres ainda estão sub-representadas nos postos mais elevados da pesquisa científica no país. Elas são 55% no mestrado e 53% no doutorado – mas só 42% do corpo docente. Dados da Capes e do CNPq, analisados pelo Parent in Science e Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa/Iesp-Uerj), mostram a dificuldade de ascensão feminina. A análise do Gemaa foi feita com um software que atribui gênero a partir do nome, o que restringe a pesquisa ao gênero binário. A piauí contou a história de mães bolsistas e suas dificuldades para se manter na área acadêmica pela pressão da produtividade e a pouca flexibilização das instituições com a maternidade. O =igualdades desta semana faz um raio X nos dados de mulheres na ciência no Brasil.
Dos 20,9 mil bolsistas do CNPq em 2022, 65% são homens e 35% mulheres. Já no nível 1A, o mais alto, a discrepância de gênero é maior. Dos 1,4 mil bolsistas, 73% são homens e 27% são mulheres.
De 2004 a 2021, o CNPq investiu cerca de R$ 4,7 bilhões em bolsas de produtividade. Os homens levaram R$ 3,13 bilhões (66,5% do orçamento), enquanto as mulheres receberam R$ 1,6 bilhões – ou seja, eles receberam quase o dobro que elas. A discrepância de valores se deve ao fato de os homens receberem mais bolsas e de as mulheres estarem concentradas no nível 2, que tem um valor menor investido.