No dia 5 de setembro, é celebrado o Dia Internacional das Mulheres Indígenas. Elas desempenham um papel central na luta em defesa de seus territórios. Ao mesmo tempo em que são as guardiãs da cultura e dos saberes ancestrais, também estão lutando na linha de frente contra a degradação ambiental e por isso, acabam sendo atingidas por diversas violências. Defender as mulheres indígenas é crucial para garantir a continuidade dos modos de vida tradicionais.
As mulheres indígenas são vistas como a força motriz de suas comunidades, sendo o elo entre o passado, o presente e o futuro. Ao reivindicarem seus direitos, elas defendem a vida, os territórios e a dignidade de seus povos, inspirando a luta por justiça social e igualdade de gênero.
Contudo, os noticiários revelam uma triste realidade. Essas mulheres enfrentam cotidianas formas de violações de seus direitos mais básicos, nas mais várias ordens. Relatos de violências contra mulheres indígenas, praticados pelo simples fato delas ocuparem universidades ou espaços de poder, ainda são naturalizados pela sociedade. Muitas vezes esses comportamentos machistas e racistas são justificados como diferenças culturais. Infelizmente, em todas as frentes onde atuam, há sempre uma ameaça!
Entre 2023 e 2024, foram registrados 128 casos de violência contra defensoras, entre elas as mulheres indígenas, segundo o estudo Na Linha de Frente – Violência contra Defensoras e Defensores de Direitos Humanos no Brasil, realizado pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global. As mulheres sofrem sobretudo violências que buscam inibir sua atuação política e comunitária, por meio de ameaças de morte, estupro ou contra filhos e familiares.
As mulheres indígenas também estão entre as primeiras a sofrer os impactos dos empreendimentos e da tão falada crise climática, que ameaça os territórios e os modos de vida tradicionais. Como a fontes de vida do planeta, elas hoje são ameaçadas até o útero por efeitos do uso do mercúrio em garimpos ilegais e pelos agrotóxicos utilizados pelo agronegócio que invadem seus territórios, gerando um aumento descontrolado de várias doenças, como câncer de mama e de útero. Enquanto isso, o Estado continua sem garantir efetivo acesso a políticas públicas de qualidade.
Proteger as mulheres indígenas é, de fato, proteger a luta pela vida, pelo bem-estar e pelo futuro da humanidade, pois elas lideram a defesa de seus territórios contra a exploração predatória, a expansão do agronegócio e a apropriação de terras, defendendo a biodiversidade e um futuro sustentável. Elas preservam e transmitem conhecimentos tradicionais, que são fundamentais para a saúde e o bem-estar de suas comunidades e do planeta, defendo a vida e o modo de ser indígena em seu existir.