(O Dia, 26/03/2015) Candomblecistas e umbandistas reuniram vídeos em que, segundo eles, integrantes do grupo denunciado ameaçam a integridade física dos praticantes das religiões afro-brasileira
Representantes de religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé, obtiveram uma vitória com a decisão do Ministério Público Federal (MPF) na Bahia de instaurar inquérito civil para apurar as denúncias de intolerância religiosa que foram protocoladas pelo órgão na última segunda-feira, nas capitais de todo o país, inclusive no Rio.
As denúncias são direcionadas especificamente ao recém-criado grupo Gladiadores do Altar, da Igreja Universal do Reino de Deus.
Candomblecistas e umbandistas reunirão uma série de vídeos que, segundo eles, configuram ameaça a integridade física dos participantes das religiões afro-brasileiras. “Tivemos um caso emblemático no dia 21 de janeiro de 2000 e, de lá pra cá, muitos outros, mas nada foi feito. Temos que dar um basta nesta intolerância. A gente não suporta mais”, explicou o babalorixá Babá Pecê, coordenador nacional do Movimento Povo de Santo.
O caso ao qual Pecê se refere é de Mãe Gilda de Ogum, que teve o terreiro invadido em Salvador por fiéis da Universal no fim de 1999. A data de sua morte, por complicações cardíacas, em janeiro de 2000, foi transformada em Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.
“Nossa obrigação é proteger os pilares da integridade religiosa. A representação será protocolada, distribuída, vai receber um número. Um procurador da República será designado para atuar no caso”, disse o procurador-chefe Pablo Barreto.
O procurador regional dos Direitos dos Cidadãos na Bahia, Edson Abdon, disse ao jornal ‘A Tarde’ que os Gladiadores do Altar “têm características perigosas” e por isso serão investigados.
O MPF ainda não decidiu em qual estado ficarão concentradas as investigações, se na Bahia, onde as denúncias foram acolhidas, em São Paulo, sede da Igreja Universal, ou em Brasília. A primeira medida a ser tomada deverá ser a convocação de uma audiência pública entre as partes para buscar um acordo.
A Igreja Universal se colocou à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos e reiterou que preza pelo respeito aos fiéis de todas as religiões. Em relação aos Gladiadores do Altar, a ela garante se tratar apenas de um projeto pacífico de ensino religioso, nada além disso.
Caio Barbosa
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