Enquanto homens brancos mantiveram taxa de desemprego praticamente estável depois da pademia, mulheres negras sofreram um processo de demissão em massa, que atingiu 78,1%
(O Globo | 23/07/2021 | Por Mônica Francisco)
A Reforma Trabalhista e a aceleração do uso das plataformas digitais durante a pandemia aprofundaram a “uberização”, a precarização do trabalho e o desemprego, alavancando as desigualdades sociais no Brasil.
O estado do Rio de Janeiro tem o segundo maior PIB per capita, atrás apenas de São Paulo, mas ocupa a 17ª posição em arrecadação. A explicação está no processo de desindustrialização e na priorização de uma política de exportação primária. E é nesse contexto que o governador Cláudio Castro oferece de mão beijada à União o comando das contas públicas – um novo Regime de Recuperação Fiscal que abdica de uma política econômica capaz de reverter o grave quadro de desemprego.
Isso significa dizer que, hoje, mais da metade das mulheres negras acima de 14 anos classificadas de “População Economicamente Ativa”, de acordo com o IBGE, encontram-se no chamado “desemprego estrutural”, sendo incapazes de contribuir para a geração de riqueza para o Estado.
E a cidade do Rio sofre com fortes consequências da pandemia. Um dos choques mais graves é o próprio mercado de trabalho, que contribui para a economia do município em duas vias: a da produção e do consumo. Uma vez rompida essa relação cíclica, a população carioca vê um aumento significativo da desigualdade social.
Para compreender como o mercado de trabalho da cidade foi afetado, é fundamental cruzar alguns dados com as variáveis de gênero e raça. Antes da pandemia, homens negros ocupavam o primeiro lugar na força de trabalho, com média de 29,1%, enquanto mulheres negras seguiam na segunda posição (26,5%). Isso ocorre porque, no Rio, há, em média, 8,5% mais negras(os) do que brancas(os). Homens brancos, por sua vez, ocupavam a terceira posição (23,3%) e, por último, vinham as mulheres brancas (21,2%).