(Folha de S.Paulo, 09/08/2014) É bastante rara a presença de negros nos altos escalões das empresas no Brasil.
No nível executivo, que envolve os cargos de direção, a proporção de negros é de apenas 5,3%, de acordo com a última pesquisa do Instituto Ethos em parceria com o Ibope Inteligência sobre o perfil racial das 500 maiores empresas do país, cujos dados foram coletados em 2010, último levantamento disponível.
Em números absolutos, a parcela corresponde a 62 negros em um grupo de 1.162 diretores.
A proporção é progressivamente menor nos níveis hierárquicos mais elevados, ainda conforme o estudo. Enquanto no quadro funcional, que abrange os trabalhadores em geral, como assistentes, secretários, 31,1% dos postos de trabalho são ocupados por negros, o volume cai para 25,6% na supervisão.
A parcela é de apenas 13,2% na gerência, número que diminui ainda mais no nível executivo.
O Instituto Ethos aponta que a situação é pior para a mulher negra, que tem 2,1% na gerência e apenas 0,5% no quadro executivo, ou seja, só seis mulheres pardas entre as 119 mulheres dos mais de mil diretores na amostra da pesquisa.
Na população brasileira, pretos e pardos, somados, representam cerca de 50% do país, segundo o IBGE. Na população economicamente ativa, os negros ultrapassam os 45%.
Características de cor ou raça, na maior parte das empresas, são informadas na ficha de admissão, por auto-declaração, segundo o instituto.
De acordo com Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos, o cenário evoluiu entre 2007 e 2010, mas a velocidade das mudanças ainda é muito baixa.
“Saímos de 3,5% de presença de negros nos cargos executivos para 5,3% neste período. Na velocidade registrada nos últimos dez anos, levaria 150 anos para que a população brasileira se refletisse nos altos escalões”, diz ele.
Joana Cunha, de São Paulo
Acesse o PDF: Negros ainda são minoria absoluta em cargos de chefia no Brasil (Folha de S.Paulo, 09/08/2014)