Solidão, dependência e baixa autoestima deixam mulheres mais vulneráveis em relações violentas, aponta pesquisa no RJ

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Foto: Freepik

28 de agosto, 2025 g1 Por Thaís Espírito Santo

Estudo foi realizado com mulheres vítimas de violência atendidas em centro especializado na Baixada Fluminense.

Uma pesquisa feita com mulheres assistidas pelo Centro Especializado de Atendimento à Mulher (CEAM) de Queimados, da secretaria estadual da Mulher, apontou alguns fatores que deixam as mulheres mais vulneráveis em relações abusivas e violentas.

O estudo, conduzido pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), analisou os impactos da dependência emocional.

Os dados sobre a vulnerabilidade em relações violentas apontam que 30% das mulheres justificaram por solidão, outras 24% acreditam que a dependência do parceiro e 18% das entrevistadas acreditam que a baixa autoestima influencia.

Já os principais elementos que mantêm a permanência nesses relacionamentos são a dependência emocional (25%), a vergonha, majoritariamente reforçada por crenças religiosas (21%), e a preservação da família em função dos filhos (17%).

O estudo também aponta que a violência perdura por gerações: 52% das participantes relataram que ao menos uma mulher da família sofreu violência e 48% delas já haviam vivenciado violência por parceiro íntimo em outros relacionamentos.

Esse histórico contribui especialmente para sentimentos de desconexão e rejeição (73,33%), super vigilância e inibição (66,66%).

“Os resultados confirmam a importância da rede integrada de proteção à mulher e o papel fundamental dos centros especializados, que oferecem acolhimento psicológico, social, jurídico e, sobretudo, esperança e oportunidade de recomeço”, afirma a secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar.

As consequências emocionais e psicológicas dessas violências mais recorrentes na pesquisa foram a auto culpabilização (38%), a desesperança (31%) e os danos psicológicos (31%).

Entre as reações comportamentais, prevaleceram o choro (40%) e o isolamento (35%).

Segundo a pesquisa, a maioria das mulheres encontrou apoio para romper o ciclo da violência principalmente por meio da rede de acolhimento (73%), seguida por organismos de enfrentamento e combate à violência, como polícias e órgãos de assistência (20%).

Para a pesquisadora responsável, Elisângela Cunha, os resultados do estudo desenvolvido em seu mestrado no Laboratório de Estudos sobre Violência contra Crianças e Adolescentes da UFRRJ reforçam a relevância dos equipamentos especializados.

“Constatamos que a dependência emocional atua como um padrão dentro do ciclo da violência. Isso evidencia o papel essencial de espaços como o CEAM no processo de acolhimento e transformação da vida das mulheres”, afirma Cunha.
A pesquisa foi realizada com base em uma metodologia qualitativa e quantitativa, envolvendo 15 mulheres em 45 encontros. As mulheres tinham a partir de 18 anos, sofreram violência psicológica e foram atendidas no CEAM Queimados.

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