Promotora de Justiça Valéria Scarance, coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público de SP, escreve sobre o caso do DJ Ivis
(UOL | 13/07/2021 | Por Valéria Scarance)
Nos últimos dias um vídeo que circulou pelas redes sociais chocou e paralisou o país. No vídeo, há cenas de agressão do DJ Ivis contra a esposa: na primeira, a vítima está sentada na sala cuidando da bebê do casal, quando é agredida na cabeça na presença de uma mulher. Tamanha a violência, o carrinho com a criança chega a balançar. Tudo acontece na presença de uma mulher, que pega a criança e nada mais faz; na segunda cena, a agressão tem início no quarto e prossegue na sala, são violentos chutes e socos e há um homem presente, que calmamente se retira do local.
Um triste retrato do Brasil e da história de muitas mulheres. É o que acontece a cada 08 minutos em nosso país, em que 1 a cada 4 mulheres sofre violência, segundo último levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Esse fato nos traz a uma necessária reflexão quanto ao inconsciente coletivo que perpetua e por vezes banaliza a violência contra a mulher. A violência está amparada em falsas ideias, “pré-conceitos”, que reinam poderosos e amparam homens autores violentos. Isso precisa mudar. Aqui, algumas reflexões.