O governo espanhol anunciou neste sábado (18) que a polícia nacional e a guarda-civil atenderam a 83.341 chamados de vigilância à violência contra a mulher nos primeiros 31 dias de confinamento na Espanha. O número é 25% maior que as ações realizadas no mesmo período de 2019.
(RFI, 18/04/2020, acesse no site de origem)
O aumento das ações contra a violência de gênero está ligado ao confinamento, que obriga muitas mulheres a conviverem 24 horas com seu agressor. Desde 14 de março, o país mantém regras restritas de circulação para seus 46 milhões de habitantes.
Nos primeiros quinze dias, o ministério espanhol da Igualdade já havia informado uma alta de 18% das ligações para o número de emergência dedicado a violência contra as mulheres em relação ao ano anterior.
“O confinamento promove tensão e tem criado pressão pelas preocupações com segurança, saúde e dinheiro. E está aumentando o isolamento das mulheres com parceiros violentos, separando-as das pessoas e dos recursos que podem melhor ajudá-las”, havia alertado a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, no início de abril.
Combate à violência como serviço essencial
Desde março, o governo espanhol declarou como essenciais os serviços de atendimento às mulheres vítimas de violência, garantindo assim a manutenção do trabalho nos centros especializados e abrigos para acolher mulheres que precisem deixar suas casas durante esse período de pandemia.
O país oferece ainda uma ferramenta de denúncia por mensagem com geolocalização, como o WhatsApp, em que as vítimas podem enviar um pedido de socorro por escrito para a polícia, que é enviada ao local marcado pelos dados de GPS do telefone.
Há mais de 15 anos, a luta contra a violência de gênero é uma questão prioritária na Espanha, que tem desde 2004 uma lei contra o feminicídio.
Neste ano, 18 mulheres foram mortas por seus parceiros ou ex-parceiros no país. Desde 2003, quando as estatísticas começaram a ser feitas, mais de mil mulheres foram vítimas de feminicídio na Espanha.