(Folha de S. Paulo | 24/03/2021 | Por Bárbara Libório, Fernanda K. Martins e Mariana Valente)
Nas eleições municipais de 2020, a violência política direcionada às mulheres foi marcante nas redes sociais. Alguns números dão conta do problema: candidatas receberam, no primeiro turno, uma média de 40 tuítes diários com ofensas. Dos posts analisados, continham termos ofensivos 8,8% dos tuítes, 2,7% dos comentários no Instagram, e 9,8% dos comentários no YouTube, conforme mostra relatório final do projeto MonitorA, lançado nesta quarta-feira (24) pelo InternetLab junto à Revista AzMina. O estudo acompanhou as redes sociais (Twitter, YouTube e Instagram) de 175 candidaturas, homens e mulheres, para cargos de vereança, vice-prefeituras e prefeituras, entre setembro e dezembro do ano passado.
Os resultados são desanimadores, ainda que não surpreendentes: majoritariamente em relação às mulheres, identificamos muitas ameaças, discursos de incitação à violência e ao ódio, de desmerecimento intelectual, críticas a seus corpos, idade e pertencimento étnicorracial, e, quanto às mulheres trans, negação de sua identidade de gênero. As mulheres, em comparação aos homens que tiveram seus perfis monitorados, foram atacadas por aquilo que são: mulheres, negras, idosas, trans.
Bárbara Libório
Jornalista e gerente de projetos na revista AzMina
Fernanda K. Martins
Antropóloga e coordenadora da área de desigualdades e identidades do InternetLab
Mariana Valente
Advogada, é diretora do InternetLab e professora do Insper