(UOL | 08/10/2021 | Por Jamil Chade)
O governo de Jair Bolsonaro (sem partido) se absteve na ONU em uma votação sobre propostas de países ultraconservadores para minar uma resolução que tem como objetivo fortalecer a defesa de meninas contra casamentos forçados.
A resolução final foi aprovada condenando casamento infantil, inclusive com o voto brasileiro. Mas antes de o texto definitivo ser submetido, governos de países de maioria muçulmana, Rússia e outros ultraconservadores apresentaram uma bateria de emendas para tentar enfraquecer o texto.
Em cada uma das emendas, o Brasil optou por se abster ou votar a favor, se distanciando de países Ocidentais e de todos os latino-americanos.
Moscou, por exemplo, insistiu que fosse incluído na resolução uma referência ao fato de que os pais de meninas tenham um papel de “guia” no acesso das menores à educação sexual e saúde reprodutiva. Em outras partes da resolução, Moscou também pede envolvimento dos pais.
Num dos trechos, os russos pediam que a resolução reconhecesse que o apelo por participação inclusiva de meninas seja “consistente com o desenvolvimento de suas capacidades”. Moscou ainda sugeria que o termo “meninas” fosse retirado de um parágrafo garantindo o respeito por “integridade do corpo e autonomia”. Pela proposta russa, apenas o termo “mulheres” deveria ser mantido.