Caso Mariana Ferrer: pressão sobre vítimas forma ciclo de violência, por Silvia Pimentel

04 de novembro, 2020

Professora Silvia Pimentel analisa audiência em que advogado atacou jovem que denunciava caso de estupro. ‘É muito triste constatar que em 2020 continua a haver a reprodução de padrões culturais discriminatórios’, diz

(O Estado de S.Paulo | 04/11/2020 | Por Silvia Pimentel)

Estamos presenciando mais uma vez aquilo que duas antropólogas da Unicamp, Danielle Ardaillon e Guita Debert, descreveram no livro Quando a Vítima é Mulher, de 1987, onde chamaram a atenção para o quanto que a vítima, em especial nos casos de violência sexual, é transformada em ré. Há uma verdadeira inversão da prova.

A vítima passa a ter sua vida e suas atitudes escrutinadas com objetivo de comprovar que foi ela que deu causa ou que motivou o crime. É muito triste constatar que em 2020 continua a haver a reprodução de padrões culturais discriminatórios que representam a violência estrutural de gênero contra a mulher, após tantos avanços na conquista dos direitos humanos das mulheres.

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