(Universa | 17/08/2020| Por Maria Carolina Trevisan)
A criança de dez anos que foi vítima de abuso sexual constante praticado por um familiar durante, no mínimo, quatro anos, só teve a violência revelada porque engravidou. Não fosse isso, talvez o abuso durasse muito mais tempo. Sempre em silêncio, como costuma se dar a violência sexual contra crianças. Mas o calvário pelo qual a menina está passando parece não ter fim. Além de lidar com as sequelas físicas e psicológicas dos abusos e da interrupção de uma gravidez fruto de estupro, ela também terá de enfrentar a fúria dos que não concordam com o aborto legal. É violência atrás de violência, numa somatória cruel, que considera qualquer outra coisa, menos os direitos dessa menina. A Constituição Federal brasileira afirma, em seu artigo 227, que crianças e adolescentes são prioridade absoluta e devem ser protegidos pela família, pela sociedade e pelo Estado. Ela tem direito à dignidade.