Estudo analisa perfis profissionais, crenças sobre violência sexual e tomada de decisão para notificação
(Fabiano Oliveira/ IMED) A violência sexual é uma triste realidade que assombra o Brasil, principalmente contra crianças e adolescentes. Dados apresentados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mostraram que entre os anos de 2017 e 2020, foram registrados no país mais de 180 mil casos de violência sexual com vítimas de até 19 anos, uma média de 45 mil casos por ano. Dos envolvidos, crianças de até 10 anos representam 62 mil das vítimas.
Nesse contexto, casos de suspeita ou confirmação de violência sexual contra esse público devem, obrigatoriamente, serem notificados junto ao Conselho Tutelar, delegacia ou disque 100. Psicólogos de clínicas privadas também fazem parte da rede de proteção e devem cumprir com a lei, na notificação desses casos.
Para compreender como o tema é tratado, a mestre em Psicologia pela IMED, Linéia Polli, com orientação do professor de graduação e mestrado em Psicologia da IMED, Jean Von Hohendorffd, desenvolveu a pesquisa “Perfis profissionais, crenças sobre violência sexual e tomada de decisão para notificação: estudo misto com psicólogas da clínica privada”. A investigação teve como objetivo atentar para as práticas e necessidades dessas profissionais.
Contribuíram para com a pesquisa, 409 psicólogos em atendimento em clínicas privadas, sendo 349 do gênero feminino, com idades entre 22 e 72 anos, atuando de 1 a 45 anos em clínicas presentes em 22 estados do país. A coleta de dados foi realizada durante o período de dezembro de 2019 a janeiro de 2021 e se dividiu em duas etapas entre questionários e entrevistas online. Das entrevistadas, 202 já haviam atendido casos de suspeita de violência sexual e outras 160 já haviam confirmado algum tipo de abuso.