A cada hora, quatro meninas brasileiras de até 13 anos são estupradas, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A maior parte das vítimas tem até 5 anos de idade
(El País | 20/06/2020 | Por Joana Oliveira)
Enquanto o Brasil acompanha, atento, o avanço da pandemia de covid-19, crescem no país os números de uma outra epidemia que se arrasta há décadas, mas continua invisível. A cada hora, quatro meninas brasileiras de até 13 anos são estupradas, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A maior parte das vítimas tem até 5 anos de idade. 90% desses casos de violência acontecem em casa, e 72% das testemunhas não denunciam. “Se a gente tivesse o mesmo olhar que temos sobre o coronavírus para a violência sexual infantil, estaríamos falando também em termos de epidemia, de uma crise de saúde e segurança pública”, afirma, taxativamente Luciana Temer, diretora do Instituto Liberta, que atua no combate à exploração sexual de menores. “É uma epidemia silenciosa e com uma dimensão arrebatadora, porque essa violência está instaurada em todas as famílias, em quase todas as casas e, ao mesmo tempo, é muito silenciada. Há uma naturalização disso”, acrescenta a cineasta Adriana Yañez.