‘Temos uma lei avançada, mas não temos mecanismos condizentes com a tragédia do feminicídio no Brasil’, alerta Jacira Melo, diretora do Instituto Patrícia Galvão
(Estado de S.Paulo | 23/11/2021 | Por Maria Isabel Miqueletto)
Para nove em cada dez brasileiros, o local de maior risco de assassinato para as mulheres é dentro de casa, por um atual ou ex-parceiro, aponta a pesquisa ‘Percepções da população brasileira sobre feminicídio’, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva e divulgada nesta terça-feira, 23. A diretora do instituto, Jacira Melo, acredita que o setor de segurança pública ‘continua devendo proteção às mulheres que são ameaçadas de feminicídio’.
“Nós temos uma lei avançada, mas não temos mecanismos condizentes com a tragédia que é o feminicídio no Brasil. É preciso um melhor treinamento e mais sensibilidade dos agentes de segurança pública e mais espaço de acolhimento para as mulheres”, defende Melo.
Segundo a pesquisa, 57% dos brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de ameaça de morte pelo atual ou ex-parceiro, o que equivale a 91,2 milhões de pessoas. Outros 41% conhecem um homem que já ameaçou de morte a atual ou ex-parceira, o equivalente a 65,6 milhões de pessoas, enquanto 37% conhecem uma mulher que sofreu tentativa ou foi vítima de feminicídio íntimo, aquele praticado por um atual ou ex-parceiro.
Participaram da pesquisa 1.503 pessoas (1.001 mulheres e 502 homens), com 18 anos de idade ou mais, entre 22 de setembro e 6 de outubro de 2021 em todo o País. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais.
Em entrevista ao Estadão, a especialista avalia a Lei do Feminicídio, que completou seis anos neste ano, analisa as falhas do setor da segurança pública com a proteção das mulheres e os desafios do enfrentamento à violência doméstica no País.