É enganosa a afirmação de um médico brasileiro de que um estudo dos EUA teria apontado que 82% das grávidas vacinadas contra a covid-19 teriam sofrido aborto no primeiro trimestre de gestação
(Correio Braziliense | 10/01/2021 | Por Projeto Comprova)
Investigado por: O Popular, Correio e Estadão
É enganosa a afirmação feita em vídeo compartilhado no Kwai e em outras redes sociais de que 82% das grávidas vacinadas contra a covid-19 sofreram aborto no primeiro trimestre de gestação em um estudo conduzido nos Estados Unidos e que este seria um motivo para gestantes não serem vacinadas. O percentual não é citado no levantamento.
A pesquisa “Descobertas preliminares da segurança da vacina de mRNA Covid-19 em pessoas grávidas” foi realizada por cientistas ligados ao Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e à Food and Drug Administration (FDA), todos funcionários do governo dos Estados Unidos, e publicada em 21 de abril de 2021.
O estudo utilizou dados de 3.958 pessoas, que constavam em um sistema de registro de gravidez dos Estados Unidos, chamado V-safe. Na plataforma, podem se inscrever participantes que se autoidentificam como grávidas no momento da vacinação ou até 30 dias depois.
Entre as inscritas, 827 chegaram ao fim do período de gravidez até a publicação do estudo, seja pelo nascimento do bebê ou por aborto. Do total, 104 (12,6%) sofreram abortos espontâneos e houve 712 nascidos vivos (86,1%). Erros em cálculos e interpretações equivocadas do conteúdo do estudo fizeram com que o levantamento fosse usado para espalhar desinformação relacionada à vacinação de gestantes.