(O Globo| 12/06/2022 | Por Rodrigo de Souza)
Quinta-feira, 26 de maio de 2022. A faxina diária na casa é interrompida pelo toque inesperado da campainha. Sozinha em seu apartamento numa comunidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, X. (o nome foi preservado por questões de segurança) abre a porta e se depara com dois homens encapuzados. Um deles a derruba com um soco no rosto. O outro passa a golpeá-la na cabeça. A sessão de espancamento continua até que um deles, valendo-se da condição da vítima, arranca sua bermuda.
— Apanhei enquanto era estuprada. Era chute e soco. Eu não conseguia nem gritar, só queria me proteger. Tudo que eu conseguia dizer era: “Por favor, não me mata” — diz.
Após meia hora, os criminosos deixaram a casa de repente, sem levar nenhum pertence. Nada poderia ter motivado aquilo, acredita X., a não ser sua identidade de gênero.