(Beatriz de Oliveira/ Nós, Mulheres da Periferia) Um homem branco, velho e de terno. É essa a imagem que costuma nos vir à cabeça quando ouvimos a palavra política. Não é por acaso. A estrutura política foi criada por e para um pequeno grupo. Partindo disso, o Nós, mulheres da periferia conversou com especialistas na área para entender como mulheres negras têm enfrentado essa lógica racista que forma as estruturas brasileiras para conquistar espaços de poder e propor mudanças na sociedade.
Segundo levantamento do Instituto Ipsos, de 2017, 94% dos eleitores não se sentem representados pelos candidatos nos quais votaram. Outro dado pode indicar um caminho para essa falta de identificação com os políticos: apenas 2% dos senadores e deputados que formam o Congresso Nacional são mulheres negras, enquanto elas representam 28% da população brasileira.
“Esse percentual [de mulheres negras no Congresso Nacional] é o reflexo de uma sociedade que com base no racismo, no sexismo e nas práticas misóginas, distribui poderes e violências a partir do lugar que se ocupa nela. E essa distribuição é fruto de uma história racista, baseada em práticas coloniais e escravocratas, mas que ainda hoje encontra força”, pontua Roberta Eugênio, mestre em Direito e codiretora do Instituto Alziras, organização que trabalha para ampliar a presença de mulheres na política.
Entre as iniciativas do movimento negro que somam esforços para romper com esse pacto, está o Quilombo nos Parlamentos, da Coalizão Negra por Direitos, a qual apoia 120 candidaturas comprometidas com a luta antirracista. Durante evento de apresentação da campanha para influenciadores digitais, realizado no dia 13 de setembro, o professor e presidente do Instituto Brasileiro da Diversidade Hélio Santos destacou que se as mulheres negras ocuparem ao menos 10% das cadeiras no Congresso Nacional a partir das eleições de 2022 será um fato revolucionário.