Dado global aponta que 1 a cada 4 mulheres na política já foi agredida fisicamente; plataforma recebe denúncias mas solução fica além da lei
(Tatiana Farah e Sabrina Bombonatti/Terra) Este domingo marca o fim do primeiro turno de uma das eleições mais violentas dos últimos anos. Foram mortes de eleitores, agressões a candidatos e candidatas e ofensas de toda natureza. Apenas no primeiro semestre deste ano foram 214 ataques contra líderes políticos, segundo o último boletim do Observatório da Violência Política e Eleitoral da UniRio, que, entre abril e junho, registrou 19 homicídios. E, quanto mais elevado o tom, mais as mulheres se tornaram alvos.
Esta é a primeira eleição desde a promulgação da lei 14.192/21, que combate a violência contra a mulher na política, impondo pena de detenção de até quatro anos para o agressor. Mas uma lei não é suficiente para conter a violência. Mais da metade do eleitorado (53%) é de mulheres, mas elas ocupam apenas 15% dos cargos eletivos, segundo dados divulgados pelo Senado.
Em um ambiente dominado por homens, as mulheres têm de enfrentar violência física, moral e assédio sexual.
Uma a cada quatro mulheres que atuam na política já sofreu algum tipo de violência física. Segundo dados globais da ONU Mulheres, 82% já sofreram violência psicológica; 45% foram vítimas de ameaças e 20%, de assédio sexual.
No Brasil, os relatos de abusos atravessam o país de ponta a ponta e não têm partido definido. Um relatório do Instituto Alziras com as 649 mulheres eleitas prefeitas em 2016 revelou que 53% já sofreram assédio ou violência política de gênero e 23% tiveram suas falas ou trabalho desmerecidos pelo fato de serem mulheres.