Luka Franca, coordenadora do Movimento Negro Unificado de São Paulo é coautora de relatório sobre extremismo de direita entre jovens fala sobre os mecanismos de cooptação de adolescentes para atentados contra escolas
O discurso misógino, de ódio às mulheres, disfarçado de piada e ironia, costuma ser a isca para a cooptação de crianças e adolescentes para comunidades online que incentivam atentados a escolas.
Esses grupos, que disseminam ódio, já foram restritos a fóruns anônimos, os chamados chans, cujo conteúdo não aparece nos mecanismos de busca que estamos acostumados a usar. Hoje, porém, estão presentes em ambientes de fácil navegação, como os grupos de WhatsApp ou Telegram, nas comunidades do Discord — software inicialmente projetado para a comunicação de gamers —, e nas redes abertas como Tik Tok e Twitter.
Adolescentes cooptados pelas comunidades passam a ter contato com discursos de extrema direita, o que inclui racismo, homofobia e defesa da supremacia branca, o que ajuda a explicar o perfil da maioria dos algozes de atentados às escolas no Brasil e nos Estados Unidos: meninos e homens, cisgêneros, héteros e brancos. Por outro lado, as vítimas são, na sua maioria, meninas e mulheres.
Coautora do relatório O ultraconservadorismo e extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às instituições de ensino e alternativas para a ação governamental, entregue ao governo de transição, Luka Franca conversou com a Gênero e Número sobre os mecanismos de cooptação de crianças e adolescentes pela extrema direita e a necessidade de fortalecer as comunidades escolares. Luka também é coordenadora do Movimento Negro Unificado de São Paulo e mãe de uma adolescente de 14 anos.