Roseane Santos conseguiu viajar para interromper a gravidez indesejada por meio do Projeto Vivas, que auxilia mulheres a realizarem o aborto legal dentro e fora do Brasil. A organização, criada em 2020, estima que até agora 350 mulheres já foram atendidas
Quando Roseane Santos descobriu que estava grávida, em janeiro deste ano, levou o primeiro susto. “Medo de uma coisa horripilante”, descreve a operadora de telemarketing de 34 anos. Em processo de separação, contou a novidade ao ex-marido na espera de apoio e aí veio o segundo sobressalto. “Fui abandonada por ele de todas as formas que você pode imaginar. Me disse que o problema era meu. Então fiquei completamente só, com meu filho de 6 anos”, relata por videochamada de sua casa em Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo.
Mãe solo, longe da família, que vive em Manaus, Amazonas, e na época desempregada. “Simplesmente não teria como cuidar de outra criança sozinha”, justifica, emocionada, a decisão de interromper a gravidez. Confidenciou a uma única amiga, que a ajudou a pensar em opções. E começa então o que Roseane descreve como “pesadelo” e “ida ao inferno”.