Joanna Burigo e Izabel Belloc avaliam Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD que mostra como desenraizar preconceitos de gênero – e por quê
O relatório do Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento (PNUD), sobre o Índice de Normas Sociais de Gênero (do inglês Gender Social Norms Index – GSNI), que reflete os dados mais recentes da Pesquisa Mundial de Valores, é um choque de realidade para quem pensa que a igualdade de gênero pode acontecer por puro desejo e boa vontade, ou apenas por esforço feminista. Nele, o PNUD recomenda dois blocos principais de ação para acelerar esse processo: o fortalecimento da formação e educação sobre o tema, e a garantia de políticas públicas específicas desenhadas por especialistas para esses fins.
Lançado no dia 12 de junho, com o subtítulo “Quebrando preconceitos de gênero: mudando as normas sociais em direção à igualdade de gênero“, o estudo revela que, no mundo todo, e em uma década, não houve melhoria nenhuma no que diz respeito ao apego a crenças em normas sociais detrimentais para mulheres. Citando dados e estudos de caso de diversos países e setores, a robusta análise é uma excelente ferramenta para demonstrar o tamanho e a complexidade da questão global de gênero.
Neste artigo, para além da habitual raiva sem surpresa feminista frente a compilações de dados que comprovam a existência e os efeitos da misoginia, seguindo orientações de Audre Lorde fazemos da raiva instrumento de contra-ataque a tanto ódio machista, e avaliamos positivamente as recomendações por educação e políticas públicas feitas pelo PNUD.