Programa da Organização Pan-Americana da Saúde treina mulheres em vários países e defende respeito à medicina ancestral
A cada hora, uma mulher morre na região da América Latina e do Caribe por complicações na gravidez, no parto ou no puerpério. A grande maioria dessas mortes, opinam especialistas, poderia ser evitada com melhoras no acesso a serviços de saúde de qualidade em setores vulneráveis da população, como mulheres indígenas, afrodescendentes, migrantes, de baixa renda e escolaridade. Para enfrentar esta difícil cruzada, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) lançou este ano uma campanha que visa reduzir indicadores que aproximam a região do continente africano, e que conta com a valiosa participação de parteiras que trabalham em parceria com a organização.
A iniciativa foi apresentada semana passada pelo diretor da Opas, o brasileiro Jarbas Barbosa, em evento organizado em Nova York, no contexto da Assembleia Geral das Nações Unidas.
O envolvimento das parteiras e de sua medicina tradicional é considerada essencial por autoridades da Opas para que a região alcance a ambiciosa meta de menos de 30 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos. No ano passado, a taxa de mortalidade materna, ou seja, o número de mortes de mulheres por cada 100 mil nascidos vivos na América Latina e no Caribe foi de 68.
Em Nova York, o diretor da Opas, um entusiasta da campanha, pediu aos governos do continente e ao setor privado que aumentem os recursos destinados ao combate da mortalidade materna, que sofreu retrocesso de 20 anos durante a pandemia da Covid-19. A taxa de mortalidade materna aumentou 15% entre 2016 e 2020, após uma redução de 16,4% entre 1990 e 2015.