Medicamentos, plantas tóxicas e veneno de rato estão entre os métodos usados por mulheres nos últimos 10 anos para interromper uma gestação. Mulheres e pessoas capaz de gestar pretas e pardas usam os métodos mais agressivos e estão mais expostas a riscos e contexto de insalubridade
De acordo com dados preliminares do levantamento Aborto no Brasil: inseguro, ilegal e criminalizado, organizado pela Associação de Pesquisa Iyaleta, 2.213 mulheres, meninas e outras pessoas capazes de gestar tentaram realizar um aborto inseguro usando substâncias tóxicas e nocivas para a saúde. As ocorrências analisadas aconteceram entre 2012 e 2022 e estão computadas no Sistema de Notificação de Agravos – Intoxicação Exógena do Ministério da Saúde (SIM/SINASC/DataSus).
As mulheres pretas e pardas, sobretudo as mais jovens, representam 54% deste grupo. O levantamento alerta ainda para o uso de métodos inseguros por pessoas entre 10 e 14 anos. Em tese meninas desta faixa etária têm direito acesso ao aborto legal por gestação decorrente de estupro.
As mulheres pretas e pardas, sobretudo as mais jovens, representam 54% deste grupo. O levantamento alerta ainda para o uso de métodos inseguros por pessoas entre 10 e 14 anos. Em tese meninas desta faixa etária têm direito acesso ao aborto legal por gestação decorrente de estupro.
“Esses dados nos mostram que mulheres cis e outras pessoas que gestam vão utilizar qualquer cosia que esteja ao alcance delas para tentar realizar o aborto, mesmo que isso coloque a vida delas em risco. É uma decisão baseada no contexto de criminalização, que faz com que as pessoas realizem o aborto de forma insegura”, explica a Marie Claire a epidemiologista Emanuelle Goes, coordenadora científica da Iyaleta.