A violência contra a mulher tem aumentado no Brasil ou estamos, enquanto sociedade, denunciando mais? Especialistas analisam

violencia domestica

Foto: Mídia Ninja

19 de julho, 2024 Marie Claire Por Ana Serra e Natacha Cortêz

Nesta quinta-feira (18), foi divulgado o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, referente ao ano de 2023, e os dados foram alarmantes a respeito da violência de gênero, que registrou um aumento generalizado em todas as suas categorias em comparação com 2022. O que nos leva à reflexão: esses números refletem a realidade do Brasil ou nós, mulheres, estamos mais conscientes e lutando pelos nossos direitos, consequentemente aumentando o número de denúncias? Para responder à questão, Marie Claire ouviu as especialistas Silvia Chakian, Fabíola Sucasas, Luanda Pires e Maira Pinheiro

O Brasil, mais uma vez, apresenta estatísticas estarrecedoras no que diz respeito à violência contra a mulher no país. O relatório divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) nesta quinta-feira (18), frente ao que foi apresentado em 2022, mostra que todos os registros de crimes de gênero apresentaram aumento em 2023.

O que diz o relatório?

Destaca-se, por exemplo, o número de estupros e estupros de vulneráveis, que cresceu 6,5%, totalizando 83.988 casos registrados em 2023 (um dado recorde) e caracterizando um aumento de 91,5% em relação ao primeiro resultado divulgado da série, em 2011, que contabilizava 43.869 ocorrências.

Deste número total, 76% das denúncias correspondem ao crime de estupro de vulnerável e o perfil das vítimas permanece basicamente o mesmo do ano prévio: são meninas (88,2%), negras (52,2%), de no máximo 13 anos (61,6%). Em relação a autoria e local dos crimes, 84,7% dos agressores são familiares ou conhecidos, que cometem a violação nas próprias residências das denunciantes (61,7%).

Foi verificada também uma alta de 0,8% nos feminicídios, que tem como vítimas, em sua maioria, mulheres negras (63,6%), de 18 a 44 anos (71,1%), e são cometidos pelo parceiro íntimo (63%) ou pelo ex-parceiro (21,2%) nos casos reportados.

Juliana Martins, coordenadora de projetos do FBSP, analisa se o aumento das estatísticas de violência contra a mulher está relacionado ao crescimento de denúncias por parte das vítimas ou se foram os crimes que chegaram a uma maior quantidade: “Ao longo dos anos, vemos uma melhora dos registros, mas só isso não explica o crescimento, porque vemos também o aumento de homicídios, agressões, chamada de 190. Diferentes canais de acionamento indicam que a violência está crescendo”.

Acesse a matéria no site de origem.

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas