Racismo ambiental no Brasil em números

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Foto: Mídia Ninja

20 de agosto, 2025 Nós, Mulheres da Periferia Por Amanda Stabile

Conheça alguns dados sobre as populações mais afetadas pelos impactos ambientais no país

No Brasil, o território onde moramos, nossa cor e o quanto ganhamos influenciam diretamente na forma como somos afetados por enchentes, deslizamentos, falta de água, comida ou saneamento básico. Essa violência têm nome: racismo ambiental.

Esse termo se refere ao fato de que populações negras, indígenas e periféricas são as que mais sofrem com os impactos ambientais — seja por morarem em áreas de risco, sem infraestrutura básica, ou por serem menos ouvidas quando se tomam decisões sobre o território.

Casos como os crimes socioambientais de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, mostram o racismo ambiental com clareza: os distritos mais afetados pelas barragens de rejeito tinham, em sua maioria, população preta ou parda. Na Amazônia Legal, onde vivem muitos povos indígenas e ribeirinhos, estão também os piores indicadores de saneamento, saúde e nutrição do país — justamente a região que vai receber a COP-30 (Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas que acontece esse ano em Belém (PA).

É nesse contexto que o Congresso aprovou o chamado “PL da Devastação” em 8 de agosto de 2025, que flexibiliza as regras de licenciamento ambiental. O texto original permitia, por exemplo, que obras e empreendimentos de médio e baixo impacto fossem autorizados mais rapidamente, em alguns casos com base apenas nas informações fornecidas pelos próprios empreendedores, sem análise completa dos órgãos ambientais.

O presidente Lula sancionou a lei, mas vetou 63 pontos considerados mais polêmicos. Entre eles estão impedir que projetos de médio risco recebam licença automática, garantir que o Cadastro Ambiental Rural (CAR) seja analisado antes de liberar obras, manter a proteção da Mata Atlântica e evitar que a Licença Ambiental Especial (LAE) seja concedida de uma só vez. Agora, esses vetos voltam ao Congresso, que vai decidir se mantém ou derruba essas mudanças.

Abaixo, reunimos dados que ajudam a entender como essa desigualdade tem cor, classe e endereço. Em São Paulo (SP), Belém, Recife (PE) e tantas outras cidades, são as pessoas negras e pobres — muitas vezes mulheres chefes de família — que vivem nas áreas mais vulneráveis, com menos infraestrutura, menos árvores, menos comida e mais risco.

Alterações nas regras de licenciamento ambiental, como as previstas no PL da Devastação, podem intensificar esses impactos, já que obras e empreendimentos com potencial poluidor frequentemente afetam primeiro essas comunidades, que têm menos proteção e são menos ouvidas nas decisões sobre o território.

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