Estudo aponta riscos para cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e destaca impactos da exclusão digital e da insegurança alimentar
Em cinco anos, o mundo poderá registrar 351 milhões de mulheres e meninas vivendo em extrema pobreza, caso as tendências atuais não se alterem. A projeção consta no relatório “Progresso nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: O Panorama de Gênero 2025”, publicado pela ONU Mulheres e pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas.
O documento alerta que, nesse ritmo, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5 — que trata da igualdade de gênero e autonomia de todas as mulheres e meninas — não será cumprido até 2030. O levantamento mostra ainda que o mundo está na trajetória de não alcançar nenhum dos indicadores relacionados à igualdade de gênero.
A publicação avalia os 17 ODS, destacando dados, evidências, avanços e retrocessos relacionados à igualdade de gênero. Entre os pontos críticos, está a insegurança alimentar: em 2024, 64 milhões de mulheres a mais do que homens viviam nessa condição de forma moderada ou grave.
Avanços e retrocessos
Apesar das dificuldades, o relatório apresenta sinais de progresso. As meninas estão hoje mais propensas a concluir a escola do que em qualquer outro momento. A mortalidade materna caiu quase 40% entre 2000 e 2023.
Nos países que adotaram medidas abrangentes contra a violência de gênero — incluindo leis, políticas, mecanismos institucionais, coleta de dados e serviços de atendimento —, as taxas de violência por parceiro íntimo são 2,5 vezes menores do que nas nações com proteções frágeis.
A participação das mulheres nas negociações sobre mudanças climáticas dobrou nos últimos anos, e 99 novas leis ou reformas legais eliminaram práticas discriminatórias desde o ano de 2020.
Ao mesmo tempo, o relatório alerta para um retrocesso sem precedentes nos direitos das mulheres. O espaço cívico encolheu, e iniciativas de promoção da igualdade sofrem cortes de financiamento.
Conflitos armados também impactam diretamente mulheres e meninas. Atualmente, 676 milhões vivem em áreas atingidas por confrontos, o maior número desde a década de 1990.
Em 2024, havia 64 milhões de mulheres a mais do que homens em situação de insegurança alimentar moderada ou grave. Esses dados reforçam que a igualdade de gênero enfrenta ameaças significativas, embora ainda seja possível reverter a tendência com investimentos consistentes e vontade política.