(O Globo) As mulheres vítimas de violência no estado vão contar com dois ônibus que circularão em áreas rurais do interior. Os veículos itinerantes, que terão serviços de segurança, saúde, justiça e assistência social, foram doados pelo programa “Mulher, viver sem violência” do governo federal. Além disso, na capital, será construída a Casa da Mulher Brasileira. Neste local, as mulheres poderão encontrar em um único endereço todos os serviços públicos que precisam para superar uma agressão.
O acordo de pactuação do governo estadual do Rio com o programa federal foi assinado nesta terça-feira, no Palácio Guanabara. O documento de adesão foi assinado pela ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República e pelo governador Sérgio Cabral. O programa tem como objetivo ampliar e fortalecer as políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher.
— Não estamos fazendo mais do que a nossa responsabilidade e obrigação. Temos certeza de que precisamos fazer mais. Esse é o começo do fim de violência contra as mulheres — disse a ministra Eleonora Menicucci.
Com um investimento de R$ 305 milhões, o programa federal conta com um orçamento inicial de R$ 30 milhões para a aquisição de 54 ônibus e de R$ 10 milhões para manutenção, além de R$116 milhões destinados à construção da Casa da Mulher Brasileira em 26 capitais do país. No Rio, ainda não está definido o local que será construída a casa que deverá ser inaugurada até o mês de setembro de 2014.
— Tenho muito orgulho de dizer a vocês que, se o programa é viver sem violência, o Rio de Janeiro é o único estado cujas Delegacias de Atendimento à Mulher (Deams) funcionam 24 horas por dia. Temos uma integração com o Tribunal de Justiça e com o governo federal espetacular. E estamos aqui comemorando mais um avanço — avaliou o governador Sérgio Cabral.
Segundo o secretário de Assistência Social, Zaqueu Teixeira, os ônibus do programa federal serão utilizados em uma caravana planejada pelo interior do estado. Ainda de acordo com secretário, a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH) vai utilizar o diagnóstico obtido através da Central de Atendimento à Mulher (número 180) para definir as áreas prioritárias por onde os ônibus vão passar. Cada veículo é equipado com duas salas de atendimento, computadores, geradores de energia, ar condicionado, projetor externo para telão, toldo, 50 cadeiras, copa e banheiros adaptados.
— Vamos nos aproximar de onde está o problema. É fundamental esta parceria para que possamos humanizar o atendimento e permitir que a mulher tenha a garantia de que, se houver violação dos seus direitos, ela terá alguém ao lado para acolher, cuidar e libertar da violência — comentou o secretário.
Conforme Mapa de Homicídios de Mulheres do governo federal, de 2012, o estado do Rio está em 21º lugar em assassinato, e a capital, em 22º. Entre os cem municípios com maiores índices de assassinatos de mulheres, cinco são fluminenses: São Pedro da Aldeia (43º), Itaguaí (54º), Três Rio (70º), Macaé (77º) e Japeri (93º).
Graffiti pelo fim da violência doméstica
A campanha “Graffiti pelo fim da violência doméstica” do Instituto Avon e da Rede Nami — ONG que usa as artes urbanas para promover os direitos das mulheres — será lançada nesta quarta-feira, às 13h, na Escola Estadual Nação Mangueirense, ao lado da Vila Olímpica da Mangueira. Vão participar da campanha estudantes do ensino médio de 26 escolas públicas do estado. Depois da realização de oficinas e debates, os alunos serão convidados a grafitar um espaço dentro da escola sobre o tema da violência doméstica.
Segundo a fundadora da Rede Nami, Panmela Castro, além das oficinas nas escolas, o público terá acesso à campanha pelas redes sociais. As pessoas poderão compartilhar fotos que combatam à violência e o machismo postando conteúdo no Instagrame twitter com a tag da campanha #XoMachismo.
— As pesquisas mostram que a grande parte das vítimas e agressores da violência doméstica tem acima dos 24 anos. Estamos trabalhando com os jovens de 15 a 18 anos como uma medida de prevenção e conscientização. Essa é uma geração que já cresceu sabendo que agredir uma mulher é errado — explica Panmela.
A Rede Nami é uma organização onde participam mais de 200 mulheres entre artistas, produtoras e ativistas que usam as artes urbanas para promover os direitos das mulheres. Na Rede NAMI, o graffiti é usado como ferramenta de comunicação para a promoção da Lei Maria da Penha, do Disque 180 e do fim da violência doméstica. As integrantes da NAMI já realizaram oficinas em mais de 50 territórios, grafitando 3.000 metros quadrados de muros pelas cidades. Foram usadas mais de 4.000 latinhas de spray.
Acesse o PDF: Estado adere ao programa ‘Mulher, viver sem violência’ (O Globo, 13/11/2013)